quinta-feira, 3 de junho de 2021

Foi Assim que Tudo Explodiu (Arvin Ahmadi)

Estava muito curiosa para ler esse livro (que recebi de parceria com a editora), uma vez que muita gente tem falado tantas coisas maravilhosas sobre ele. De fato, ele é fantástico, delicado e importante... mas eu achei um pouco cansativo também. O livro é narrado de duas formas diferentes e tudo ao mesmo tempo, o que gera um dinamismo legal, mas acabou que eu gostei muito de uma das narrativas e a outra me cansava um pouco. Isso não atrapalhou muito a leitura em si, uma vez que levei duas horas para ler o livro (o que indica que ele é devorável), mas, ainda assim, ele acabou ficando com quatro estrelas porque, além disso que comentei, acho que ficou faltando alguma coisa na reta final. Eu gostei do final, mas acho que baseado nas expectativas que eu tinha criado, pelos comentários sobre a história que eu estava lendo, estava esperando um pouco mais (aí o problema já é meu também, né, rs). O livro é indicado para maiores de quatorze anos e explora as aventuras de um jovem recém (quase) formado do ensino médio enquanto ele busca caminhos para sair do armário para sua família. Ok, vamos focar na resenha em si, eu sei.

Amir estava se descobrindo aos poucos. Ele sabia que era gay, sempre soube, mas sabia também que sua família teria dificuldades de lidar com essa informação, exatamente por isso, ele planejava estar bem longe na faculdade quando contasse para eles. Mas as coisas não estavam saindo muito como o planejado, os valentões da escola haviam descoberto sobre ele e seu então namorado, que acabou também nem dando tão certo, e estavam ameaçando contar para todos o grande segredo dele se ele não conseguisse muita grana para eles. Ele fazia alguns bicos escrevendo páginas para a wikipedia e conseguia ganhar um dinheiro legal com aquilo, mas os valentões queriam ainda mais e, na véspera de sua formatura, ele decide que não vai deixar uma pessoa má controlar a sua vida. Ele pega o dinheiro que tinha juntado para calar uma pessoa e se joga no mundo, literalmente.

Amir vai para na Itália, depois de ter se apaixonado pelo tipo de sorvete de lá no aeroporto de Nova Iorque. Ele conhece pessoas que, como ele, estão se descobrindo e a cada encontro com essas pessoas ele vai percebendo seu lugar no mundo e o quão fantástico é viver sem se esconder. O problema é que os dias de vida dos sonhos estão com os dias contados, quando sua família aparece em peso para buscá-lo. Ele sabia que o momento da conversa chegaria e que seria tenso, mas nunca que ele imaginou que seria em uma sala de interrogatório do aeroporto e com a polícia em volta deles. Ele precisaria contar cada detalhe da sua verdade para não perder a liberdade de toda a família. E foi assim que tudo explodiu...

Como falei, o livro é narrado de duas formas diferentes. E isso vai acontecendo enquanto vemos uma contagem regressiva para o dia em que tudo explodiu na cara do personagem principal. Me lembrou muito os episódios das séries criminais que eu amo ver, mas que me dão um leve nervosinho. O livro começa com eles (a família) na sala de interrogatório do aeroporto, para onde foram levados depois de um desentendimento dentro do avião. O que por si só já é algo que levanta muita discussão, uma vez que são uma família árabe. Então tem todo esse debate (necessário) sobre as entrevistas aleatórias dos aeroportos com certas pessoas. Ok, partindo disso, vamos vendo os dias anteriores de tudo que Amir viveu nas últimas semanas e um pouco dos últimos meses também. E cada capítulo desse tem como título quantos dias antes do episódio do aeroporto foi o ocorrido narrado. Esses capítulos foram os que mais me cansaram. Eu gostei demais do dinamismo dos capítulos que eram as entrevistas com a família na sala do aeroporto. Eles contavam de forma muito mais devorável os acontecidos e me prendia bem mais. Claro que era importante ver essa retrospectiva que rolava nos capítulos do menino na Itália, mas foi isso que senti. Ah! E falando do que senti, já que comentei que episódios de séries assim me dão nervosinho... é porque já sabemos que "deu tudo errado" e vamos vendo todo o caminho até lá e isso me deixa levemente ansiosa.

Agora o autor que se vire. Eu quero um livro todinho sobre a irmã do personagem principal. Sério, onde que assina para ler mais sobre a Soraya? A menina roubava a cena da história por completo quando aparecia como narradora e, para completar, mesmo ela falando sobre o irmão eu queria era saber mais do musical que ela estava ensaiando e sobre ela brincando de detetive para descobrir o que estava rolando. Agora que já falei da estrela do livro, vamos focar no personagem principal (hehe). Amir e o crescimento dele na história é algo gostoso de acompanhar, mas, ao mesmo tempo, é meio irreal sabe. A graça dos livros, no geral, é te fazer acreditar até mesmo no inacreditável, mas desde que a história te faça sentir assim. Eu não estava comprando muito a ideia do menino de dezoito anos que juntou o dinheiro com a wikipedia e viajou sozinho e a louca para a Itália. Acredito que como esses trechos eram narrados pro meio da parte que achei mais dinâmica isso atrapalhou (para mim) também. Mas no geral, da parte da Itália, adorei ver ele conhecendo as pessoas e se conhecendo de brinde. No geral, é um livro muito incrível com uma história muito importante (por vários fatores). Indico demais por ser uma leitura leve, rápida e importante. Para quem gosta desse tipo de narrativa (da contagem regressiva de acontecimentos) é ainda mais perfeito.


foi assim que tudo explodiu
AUTORA: arvin ahmadi
EDITORA: alt
PÁGINAS: 294
SKOOB DO LIVRO.
MEU SKOOB.

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