quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Números


Números são só números. A idade que você tem é só um número. O seu peso, sua altura, seus amigos, suas horas e seus seguidores em uma rede, todos são apenas números. O que importa é como lidamos com cada uma dessas coisas. Você pode ter quantos anos for e ainda acreditar na magia dos sonhos, na verdade das pessoas e que o mundo pode ser um lugar bom. Você pode sonhar com o impossível e lutar para transformá-lo em possível. Você pode brincar, cantar e dançar quando dá na telha, afinal, felicidade e vontade não tem idade. Você pode dar ouvidos para o que todo mundo fala sobre seu peso, assim como escolher dar ouvidos para o que seu coração fala. A única opinião que importa, além da sua, é a médica. Sim, corpo é saúde, mas é também seu templo. É sua vida e é o que você quer ser. Aprender a se amar é melhor e maior que qualquer número que uma balança ou fita métrica consegue mostrar. Você pode ficar triste porque uma roupa não serviu, mas também pode escolher ficar feliz porque você gosta de quem é. São escolhas que a gente faz, e isso está saindo de uma pessoa que já saiu de lojas chorando depois de experimentar várias roupas e nenhuma servir. Uma pessoa que tem calças jeans de quatro números diferentes e que nunca sabe que número usa de verdade. Uma pessoa que levou mais da metade da vida odiando o espelho e hoje carrega mil por aí. Você pode ter todos amigos do mundo, assim como pode ter só um também. O que importa não é se conseguimos contar nas mãos ou não, mas sim que podemos confiar nos que temos. Quando sabemos que ligação não tem horário, emergências acontecem e viramos até psicólogos. Quando esperamos e contamos os dias para um final de semana, mesmo sabendo que a programação vai ser pipoca de micro-ondas e netflix. Seguidores são só números, números assustadoramente reais, mas números. Você pode ter um milhão e não ser feliz de verdade, assim como pode ter um milhão e aproveitar cada segundo. Você pode ter dois e ficar triste por querer mais, assim como pode ser feliz por esses dois estarem te acompanhando e apoiando. Números são números e escolhas são escolhas.

Para uma pessoa de humanos, números são um pesadelo, rs. Então qual o motivo de toda essa filosofia? Simples, felicidade com números mesmo não indo com a cara deles. Oi? Sim, eu sou louca e vocês sabem bem que não é de hoje. Números são realmente só números, mas algumas vezes eles nos mostram que algo valeu a pena. É saber fazer escolhas e entender os resultados. Menina, você tá filosofando demais e quase falando grego. Tô.

No começo do ano eu estava num caminho de desanimar com o blog, com o canal, com a escrita e com várias coisas. Não é fácil trabalhar, ler, escrever e ainda ser adulta com responsabilidades. E aí entra a escolha. Eu escolhi cada um dos números da minha vida. As aulas que tenho, os livros que eu leio e escrevo e as responsabilidades que tenho. Entendendo isso, foquei nos resultados que queria. Eu amo o blog. Eu amo ler. Eu amo escrever. E, mais que tudo, eu amo quem eu sou. Com isso tudo em mente, me organizei ao máximo dentro da minha desorganização para fazer tudo que queria. Não tem segredo nem magia, tem vontade aqui. Leio livros, dou aulas, escrevo histórias, faço peças de teatro e gravo vídeos com um sorriso maior que meu rosto. O resultado de tudo? Mais números.

Nunca tinha ligado para o número de inscritos do canal. Claro, sempre comemorei as vitórias e o crescimento, mas os comentários e carinho que recebo valem mais que qualquer coisa. E aí, pela primeira vez desde que resolvi dar esse tchan na vida, resolvi checar números. Não entendi mais da metade deles, afinal, sigo sendo de humanas. Porém, os que entendi fizeram esse texto aparecer. Texto que, como sempre, começou como um pequeno post na página do blog e, quando vi, já estava grande demais e virou post do blog mesmo. Nesse último mês, em que eu voltei com tudo e nem cabe a felicidade em mim, o canal do blog conseguiu juntar mais de cem inscritos novos. São só números, mas eles me lembraram que vale a pena. Números que para alguns são nada e para outros são tudo. Números. E para o que serve esse texto? Como sempre, não sei. Mas eu precisava escrever e é para isso que temos o blog, não é mesmo? Obrigada. ♥

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Na Estante: À Sua Espera


Olha quem voltou para Rosemary Beach? Euzinha! Para quem está mais perdido que sei lá o quê, estamos falando de uma série de livros da autora Abbi Glines. Já expliquei ela uma vez lá no canal do blog, mas vamos por partes. São livros totalmente ligados, mas que fazem sentido fora de ordem, o único problema é que você acaba lendo muitos spoilers das outras histórias que já 'passaram' se ler aleatoriamente. Em resumo, é isso. Na verdade, eu tenho certeza que pulei um livro (sem querer) ao ler esse agora, porque levei um spoiler bem na cara, mas acontece (ok, eu revi meu vídeo sobre a série e sim, pulei um hehe ou seja, a pessoa que fez o vídeo com a ordem, errou a ordem, parabéns). Quem nunca? Para quem quiser ler as outras resenhas da série é só clicar aqui. Ok, agora vamos focar nesse aqui. O livro ficou com quatro estrelas e eu meio que já esperava isso. A escrita da Abbi é uma delícia e, vamos falar a verdade, é bizarro como que ela conseguiu criar tantas histórias (relativamente) diferentes para uma única série, mas o fato é que todos os mocinhos têm sério problemas e, infelizmente, nesse livro isso não foi diferente. Eu estava lá, devorando o livro (que li numa noite), sendo feliz e adorando quando tchan! O mocinho em questão ia lá e soltava uma pérola machista que me fazia até querer largar o livro. Não vou negar, as pérolas foram bem menores se compararmos com outros livros da autora e vi isso como uma leve vantagem, mas ao mesmo tempo isso era irritante. Vou explicar melhor, calma. Primeiro, como sempre, vou contar um pouco mais da história. Lembrando que, se ainda não leu outros livros da série, pode considerar uma coisa ou outra nessa resenha como spoiler. Aviso dado.

Mase nunca quis a vida de uma estrela do rock, por mais que seu pai fosse um dos maiores astros do mundo. Ele recebia a parte que tinha direito do dinheiro, mas não usava nada em exageros, tinha um rancho no Texas e vivia perto da mãe e do Padrasto como se nada fosse diferente, afinal, para ele não era mesmo. Gastava no máximo com cavalos e coisas do tipo, nada além. Ele era muito parecido com sua irmã Harlow, na simplicidade, mas muito diferente de sua outra irmã, Nan, por exemplo. Que vivia de viagens e exageros. E foi numa visita a Halow, que ele acaba tendo que ficar na casa de Nan. Por sorte ela não estava lá, estava ocupada em Paris, mas a moça que cuidava da casa estava. Reese sempre teve muito dificuldade para tudo. Ela se achava burra e todos a sua volta confirmavam isso. Em sua escola, quando era mais nova, os professores não identificaram o transtorno de aprendizagem e simplesmente a rotularam de burra, ela acreditou. A mãe a via como um fardo, enquanto que o padrasto a via como um objeto. Nada era fácil em sua vida, mas depois de viver um verdadeiro caos, ela conseguiu sair de casa para tentar viver sua própria vida. É assim que ela acaba em Rosemary Beach e, com a ajuda de um amigo, acaba trabalhando fazendo faxina nas casas ricas da cidade, incluindo a casa de Nan.

"Aquele momento mudou tudo." - Página 11

Enquanto ela limpava uma das grandiosas salas da casa, acabou se envolvendo em um acidente com um espelho e, por sorte, Mase estava por perto para ajudá-la. Ele acabou logo interessado nela, afinal, ela não estava nem aí para quem a família dele era, na verdade, ela nem imaginava. Reese, por outro lado, tinha medo de tudo aquilo. Ela já tinha tido muitos traumas na vida para saber que confiar em um cara pode ser muito complicado. Mas ele parecia tão doce, cuidadoso e tinha aquele sotaque e jeito de cowboy para completar o pacote. Os dois acabam se distanciando quando ele volta para casa, mas ao mesmo tempo seguem ligados. Mase havia sido a primeira pessoa a notar e se preocupar com a dificuldade de escrita e leitura de Reese e, com o dinheiro de sobra que tinha e não usava, resolveu a ajudaria e provaria que de burra ela não tinha nada. Os dois acabam conversando todo dia pelo telefone e, com isso, a atração que já estava começando fica ainda mais forte. Mas ela tem um passado tenebroso e ele tem uma família relativamente problemática (oi, Nan). Eles precisariam trabalhar dura para isso dar certo.

"Mase acreditava em mim." - Página 53

A história é boa, mas os trechos machistas me tiravam do sério. Reese tem um quê de personagem forte e independente, ainda mais depois de tudo que ela passou, mas Mase tinha sempre que dar uma de cowboy machão. O que era irritante e até batia de frente com a personalidade dele. No final, não é nada tão berrante como em alguns outros livros, mas ainda assim é algo existente. Reese me surpreendeu muito. Ela podia ser um nada, mas resolveu ser alguém e lutar pela felicidade dela. Mesmo ouvindo de todo mundo que era burra, resolveu aprender e provar que apenas tinha uma dificuldade de aprendizagem. Por mais que ela caia em algumas das coisas bestas que o Mase fala, ela se supera muito durante a história. Mase, ah, Mase. Você tinha tudo para ser um personagem fantástico, aí você sentiu a necessidade de achar que é dono de alguém, argh.

O livro termina no maior estilo Rosemary Beach: Algo bizarro acontece e isso te obriga a ler o próximo, o que me lembra, preciso comprar o próximo logo, rs. Em resumo, é um livro bem Abbi Glines. Segue os moldes dos outros livros da série, por mais que seja de um lado bem diferente da história. O que me lembra, eu sigo odiando a Nan, na verdade eu acho que a odeio ainda mais agora. Em uma parte do livro, eu até chorei de raiva dela, me deu um nervoso que eu queria entrar no livro e acabar com ela (e olha que não sou agressiva). Enfim, o livro cumpriu o que prometia. Quem gosta de new adults de raiz vai amar sem sombra de dúvidas. O que me lembra de avisar que temos palavrões e canas para maiores (de dezesseis em tese).

À Sua Espera
Autora: Abbi Glines
Editora: Arqueiro
Páginas: 230
Skoob do Livro.
Meu Skoob.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Na Estante: Sorrisos Quebrados


Eu já tinha ouvindo falar desse livro, mas não sabia nada sobre sua história. No final das contas, isso foi bom. Tem hora (a maior parte do tempo, na verdade) que o melhor é ler num livro sem saber nada e sem esperar nada. Eu ganhei esse de presente de uma amiga que tem gostos muito parecidos com os meus. Na dedicatória, ela pediu que eu não lesse a sinopse e que eu me preparasse para chorar. Não chorei durante a leitura, mas não por não ter coração ou algo do gênero, muito pelo contrário. Sou o tipo de pessoa que chora vendo comercial de margarina na TV. Ué, então o que aconteceu? Simples. O choque foi maior que as lágrimas, assim como a revolta e a vontade de gritar ao ler algumas das cenas. Com esse livro, a revolta foi bem maior que a tristeza e isso vai fazer sentido em breve. O livro ficou com cinco estrelas, mas não é devorável. Ele é uma leitura bem difícil, tanto que li em duas partes, assim dizendo. Li metade de uma vez só e aí ficou difícil de ler, não por ser ruim, pelo contrário, por ser bem escrito demais e muito real. Só depois consegui ler o resto. Ok, vamos por partes. Vou contar um pouco mais da história e depois conto melhor o que achei dela.

Paola passou por um verdadeiro inferno na Terra. Seu marido, Roberto, parecia o cara ideal. Na verdade, todos a sua volta tinham certeza que eles tinham o casamento mais perfeito do universo, o problema era que não era bem assim. O ciúme exagerado dele junto com uma personalidade conturbada fez com que ele se achasse no direito de ser o dono de sua esposa e, com isso, a castigava por coisas que só aconteciam em sua mente. Castigos que deixaram marcas permanentes do corpo e na alma de Paola. Foi uma missão quase impossível se livrar dessa vida, mas ela conseguiu. Agora sua vida se resumia em tentar esquecer os pesadelos que tinha vivido e seguir com a vida em uma clínica. Ela não se comunicava muito com outras pessoas e tinha medo de que algo de ruim pudesse acontecer de novo em sua vida. Ela havia se fechado em um mundo de pinturas e cores com medo de deixar alguém entrar. Isso até o dia em que uma menina ligada na tomada chegou em sua vida. 

"Para minha filha, você é a única amiga que ela tem."
Página 77

Ela também frequentava a clínica e ficou completamente doida ao conhecer Paola. Ela queria pintar como ela e não tinha medo das marcas do passado que encontrava em seu rosto. Para a criança, Paola era tipo a Fera, do conto clássico. O que ela não imaginava, era que estava criando uma abertura no escudo que Paola havia criado. Enquanto que Paola nem sonhava que a vida da menininha tinhas cicatrizes profundas, talvez tão profundas quanto as que carregava por dentro. Sol tinha traumas da infância e, por conta disso, se afastava de tudo que era novo. Mesmo sendo muito pequena, não tinha amigos e só ia para a clínica com o pai e os avós. Isso até encontrar a moça que pintava tão bem por lá. Ela precisava ser sua melhor amiga. Ela conseguiu. André, seu pai, não entendia como aquela moça havia conseguido se aproximar de sua filha, mas sabia que aquilo era um avanço sem medidas em seu tratamento e a alegria não cabia nele, por mais que tivesse medo de algo tão incerto. Ele sabia que Paola tinha segredos e marcas profundas demais, mas não podia julgá-la, ele mesmo tinha os pesadelos dele e da filha para lidar. O amor pela criança acaba juntando os dois que ficam completamente perdidos em algo tão novo. Os dois têm medo do que tudo aquilo poderia significar e, muitas vezes, a dor acaba vencendo a vontade. 

"Será que estamos irremediavelmente quebrados?" - Página 98

O livro é de uma carga emocional absurda. Logo nas primeiras páginas já entramos na cabeça de Paola e queremos sair correndo de lá, afinal, não é um lugar seguro. Ao mesmo tempo, não queremos abandona-la, não podemos deixa-la vivendo aquilo tudo sem ajuda. É revoltante. É nojento. É algo que não sei colocar em palavras. É um absurdo pelo simples fato de ser real. Milhares de mulheres sofrem isso diariamente e ler sabendo disso não me fez chorar, me fez querer gritar... de dor, de raiva de tudo e mais um pouco. Paola é mais uma para os números. Mais uma que teve que ouvir que talvez tivesse feito algo para merecer aquele inferno. Ela não fez. Ninguém faz.

André e Sol são a luz no final do túnel. Eles tiveram seus próprios pesadelos e, para a idade de Sol, ela já viveu sufocos de uma vida inteira, mas ainda sim eles se aproximam de Paola. Sol é, como descrita no livro, um raio de luz. Uma menina doce que ama estar perto de quem confia e fala mais que a boca sempre que pode, de um jeito muito único e especial. André não sofreu tanto quanto as duas, mas está tão quebrado quanto, afinal, viu sua filhinha sofrer. Ele não confia nas mulheres tanto quanto Paola não confia mais nos homens. Mas sol está ali no meio disso tudo.

Esse livro é completamente pesado emocionalmente. Sério. Se você já passou por momentos assim em sua vida em primeiro lugar, sinto muitíssimo mesmo, e em segundo, esse livro pode ativar muitas coisas (gatilhos) em sua cabeça. É legal avisar. Não é uma leitura fácil, mas ao mesmo tempo tem um tom de esperança. Um livro que conta uma história de recomeços e de fé na vida. É tanta coisa que é até complicado de explicar. Achei alguns dos personagens secundários levemente desnecessários e um até forçado (não vou dar spoiler, mas quem já leu e quiser saber quem é só me perguntar). No final das contas, não é um livro fácil, mas é um livro real. Indico para quem está precisando de uma dose de esperança e uma luz no final do túnel (com os devidos cuidados, claro). 

Sorrisos Quebrados
Autora: Sofia Silva
Editora: Valentina
Páginas: 232
Skoob do livro.
Meu Skoob.