Faz muito tempo que estou enrolando para voltar a ler os livros da Colleen Hoover que, acredite, é uma das minhas autoras atuais favoritas. Fiquei cerca de dois anos sem ler nada dela, mesmo tendo uns três ou quatro lançamentos na estante só esperando. O que acontece (e quando expliquei no canal, muita gente concordou) é que os livros dela são sempre muito fortes emocionalmente falando. Você nunca termina a leitura de uma força leve, sabe? sempre tem uma carga muito forte de emoção e você fica até sem ar em alguns momentos da leitura. Como minha vida já é agitada o suficiente, acabei evitando por um tempo e, com isso, fiquei com medo de voltar a ler. Medo de não gostar mais. Medo de gostar até demais. Medo. E vamos falar a verdade, muitas vezes medos são apenas bobeiras. Com isso, durante a maratona de 24h que fiz no último feriado, resolvi tomar vergonha na cara e ler. Adivinha? Meu coração foi destruído de muitas formas durante a leitura. Mas valeu a pena. Uma leitura nada fácil (no sentido de ser real demais), mas muito necessária. Um assunto delicadíssimo, mas que precisa ser falado. E mais um livro da Colleen que acabou com cinco estrelas, o que não é assim tão novidade. Antes de qualquer coisa, precisamos colocar aqui um aviso de gatilho. O livro trata de um assunto que pode fazer algumas mulheres se sentirem bem mal, por isso, estou avisando que o tema é violência doméstica. Ah! Mas como que um tema desses pode dar um livro cinco estrelas e blá-blá-blá. Calma. Vamos por partes. O que me lembra que, além desse primeiro aviso, é bom dar mais um. O livro é, obviamente, para maiores de dezesseis anos.
Lily teve uma infância muito complicada. Recebia todo o amor do mundo de sua mãe, mas, ao mesmo tempo, via que seu pai era um monstro. O prefeito da cidade que mostrava para todos uma família feliz, mas que, na realidade, fazia um verdadeiro inferno dentro de casa. No fundo, ela nunca perdoou sua mãe por não ter saído daquela relação, mas o que ela poderia entender sobre a vida dos outros. No meio de todo esse caos ela conheceu Atlas, um menino que conseguia ter uma vida tão bagunçada quanto a dela e, como corações em pedaços se atraem, os dois acabando tendo uma conexão muito mais forte e real que a paixão. O problema é que os pais de Lily não aceitavam a situação em que Atlas se encontravam e nem estavam dispostos a ouvir o lado da filha, afinal, o que a cidade ia pensar? Era só isso que importava. O tempo passou e Lily se mudou de cidade, na esperança de esquecer seu passado. E aí, numa noite não muito fácil de sua vida, Lily acaba conhecendo Ryle, um médico que parecia perfeito demais para ser verdade, mas que estava com olhos inteiros nela. Só tinha um problema, ele tinha pavor de relacionamentos e negava a cada segundo o que um sentia pelo outro.
"A situação está ficando complicada demais para mim." - Página 116
Os dois vão tentando entender onde estão no meio de todo o desejo e medo. Aos poucos eles vão encaixando as peças e o relacionamento vai acontecendo de forma quase natural. Quase, porque os dois precisam mudar muitas coisas em suas vidas para que tudo funcione. E é no meio de toda essa bagunça que Atlas reaparece na vida de Lily. E a relação de Lily e Ryle entra em um momento de provação que nenhum dos dois esperava. E é aí que Lily começa a viver situações que antes achava que era fácil se livrar, mas que quando é a personagem principal do drama, não é tão fácil assim. Ele pode mudar. Ela pensava. Ele não é assim. Ela tentava acreditar. Foi só uma vez. Ela rezou que fosse verdade. E no meio de muitas descobertas ela precisa tirar forças do fundo do seu ser para fugir de uma realidade que ela jurou que nunca viveria. Por sorte, o destinou colocou alguém para guiá-la, mas mesmo assim nada ali é simples. Nem mesmo quando acaba.
"Na alegria e na tristeza? Foda-se. Essa. Merda." - Página 281
Precisei respirar bem fundo durante muitos momentos enquanto escrevia os trechos aí de cima. Assim como precisei respirar ainda mais fundo e ainda mais vezes enquanto lia o livro. Como já havia avisado, o livro toca em assuntos delicadíssimos e nós somos sugados para esse mundo enquanto tudo acontece. Nos sentimos parte da história e queremos ajudar de alguma maneira. E aí percebemos, no fim, que é um livro e não poderíamos ajudar, mas que estamos no mundo real e tudo isso acontece mais do que imaginamos e que, aqui fora sim, podemos tentar ajudar. Podemos e devemos meter a colher, afinal, essa de que em briga de marido e mulher não se mete a colher é apenas uma rima tosca e antiquada. Só tenho uma crítica ao livro, por tocar nesse ponto. Não existem aviso de gatilho na capa, nem na sinopse e nem em lugar algum do livro. Colleen é famosa e qualquer uma pode pegar para ler o livro e, com isso, sofrer com memórias ou realidades. Senti falta do aviso e medo por ele não estar lá e como isso pode machucar algumas mulheres. Antes de falar dos personagens e mais do livro, é importante explicar que o livro é maravilhoso, mas não pela história que conta, mas sim pelo favor que faz de alertar sobre algo tão real e de uma forma tão bem escrita e ainda mais real. Colleen, como sempre, criou personagens críveis e leves que você se apaixona e se apega e, com isso, sente uma dor sem tamanho por não conseguir ajudar quem está ali nas páginas. Um livro complicado, porém necessário.
Lily é uma personagem fantástica e é exatamente por isso que dói tanto a leitura. Ela vai atrás do que sonha, é uma amiga maravilhosa e é uma pessoa real, como qualquer uma de nós aqui. Outra personagem que precisa ser citada é a irmã de Ryle, Allysa. Uma personagem ainda mais leve e ainda mais necessária na história que, como a nova melhor amiga de Lily, faz o possível e o impossível para ajudá-la. Sobre os personagens masculinos da história, não vou dar detalhes para não virar spoiler demais, por isso, para conhecê-los melhor, o indicado é ler a história. Ah, vale comentar que Colleen criou uma forma genial para contar o passado na história sem ter que ficar fazendo 'viagens' no tempo para contar o que aconteceu na juventude da personagem. Não vou dar detalhes para, mais uma vez, não estragar o livro, mas tem a ver com a Ellen DeGeneres e é isso. Provavelmente, a resenha mais complicada que já escrevi em todo o meu tempo de blogueira literária. Espero que tenha conseguido passar a profundidade dessa história e que você leia o livro com a cabeça e coração abertos.
É Assim que Acaba
Autora: Colleen Hoover
Editora: Galera Record
Páginas: 368
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