quinta-feira, 17 de junho de 2021

Vergonha (Brittainy C. Cherry)

Gostaria de começar essa resenha falando que a capa não tem absolutamente nada a ver com a história e o título (em português) menos ainda. Eu fico pensando no número de pessoas que deixam de ler a maravilhosidade que é essa história por conta do que veem quando pegam o libro ou quando olham para ele num site da vida. Atualmente já li quase todos os livros publicados da autora e amo demais a receita de bolo dela para os livros, mas ainda assim estava enrolando para ler esse... porque eu olhava e não tinha vontade. Que bom que parei de besteira e fui logo ler, porque esse é um dos melhores livros dela. Então estou aqui te pedindo: ignore a capa e o título, que não combinam em nada com a história em si, e se joga nesse livro (se você for maior de dezesseis anos, rs). O título original Disgrace (que inclusive aparece como fundo na capa nacional) faz muito mais sentido e vou explicar isso melhor mais para o final da resenha. De modo geral, temos um livro que é muito clichê e muito bem escrito. Tem todos os dramas que gostamos com o final feliz que tanto esperamos e por isso, e muitos outros detalhes, esse livro ficou com cinco estrelas e um coração de favorito. Ai, Brittainy... você sempre consegue acabar comigo e fazer eu amar cada segundo disso (haha).

Grace sempre teve sua vida controlada. Quando era mais nova, morava em uma cidade pequena em que seus pais eram conhecidos como a realeza do lugar, por comandarem a igreja da cidade. Sua mãe escolhia suas roupas, seus amigos, seus gostos e tudo mais que podia controlar (ou achava que podia). Quando ficou mais velha, sua mãe inclusive a ajudou a conquistar o garoto mais popular da cidade, que estava estudando para ser médico. E aí o controle de sua vida passou a ser dele. Ele que escolhia a cidade em que iriam morar, as pessoas que Grace teria no grupo de amigos e como a vida toda deles seria. E quando as coisas saíram do controle de ambos, após Grace passar por alguns abortos espontâneos, as coisas começam a ficar bem frias entre eles. Exatamente por isso, ela nem se assusta tanto quando descobre que estava sendo traída. Mas o pior disso tudo é que sem ele, ela não sabia quem era. Ela não conseguia se achar no mundo sem o apoio do marido que, nos últimos anos todos, havia feito todas as escolhas por ela. 

É assim que Grace vai parar em sua cidade natal. Sem ter para onde ir, enquanto seu novo apartamento em sua cidade não ficava pronto, ela precisava voltar para casa dos pais... que moram na mesma cidade em que seu ex-marido está trabalhando. Se isso tudo já não fosse complicado o suficiente, a cidade é o lar das pessoas mais fofoqueiras do planeta e todos estão prontos para espalhar meias verdades sobre o que de fato aconteceu com a vida da mulher que um dia já tinha sido a princesinha da cidade. Tentando escapar de tudo isso, ela acaba conhecendo Jackson. O cara que é considerado o monstro da cidade, mas que todas as mulheres dali sonham com ele. Ele de fato era muito difícil de se lidar, mas tinha seus motivos para isso, mas vez que teve que, desde cedo, lidar com muitos problemas em casa. Quando os pedaços quebrados de Grace se encontram com o de Jackson, eles entendem que podem se ajudar na hora de ficarem completos. Mas isso tudo enquanto uma cidade inteira julga, critica e atrapalha tudo que tentam fazer. Além disso, a cidade pequena guarda segredos sobre a família de ambos e eles ainda nem imaginam o quão longe isso pode ir.

Um viva para Brittainy por ter escrito um relacionamento tão bem construído e saudável como esse: Viva! Sério. É claro que, de começo, vemos Grace passando por muitos estágios de relacionamentos abusivos (e fica aqui meu aviso de gatilho), mas quando ela começa a se relacionar de verdade com o Jackson a gente vê como um relacionamento saudável funciona e faz bem para todos os envolvidos. Um se preocupa de verdade com o outro e sabe o momento que o outro precisa de espaço para crescer sozinho... e tudo bem. Nossa! Sério mesmo. Personagens absurdamente bem construídos e que, como sempre, roubam a cena quando aparecem. A autora tem esse dom com seus personagens secundários e eu amo isso. Aqui fica o destaque para a melhor amiga de infância de Grace que ela se reconecta e a irmã dela também, que é uma pessoa fantástica. Sobre a família dela, me vi uma grande parte do livro julgando demais eles, e fui aprendendo muito com isso (principalmente mais pro final da história). Inclusive, chorei lindamente com o final. Porque foi tudo tão bem escrito e bem fechado que aquele final me deixou com um quentinho no coração.

Como eu comentei, o título original Disgrace faz muito mais sentido na história. Uma vez que temos a personagem principal Grace, além disso, o título ao pé da letra, significaria desgraça. Claro que vergonha seria uma tradução aceitável dependendo do contexto. E é aí que está o tcham do negócio, porque nesse contexto aqui do livro não combina! Entendo que para muitos no Brasil desgraça é uma palavra forte (e alguns consideram até mesmo como palavrão, por isso, desculpa), mas vamos entender um pouco mais sobre o motivo de eu ter achado o título original tão genial (e ter ficado triste que isso se perdeu na adaptação). O meu lado profissional, de professora de inglês, vai falar e, por isso, se prepare (haha). Disgrace é uma palavra formada por um substantivo (grace) que significa graça, elegância, encanto entre outras coisas e com o prefixo dis que indica negação e oposto. Ou seja, é pegar uma palavra que significa tudo que a Grace sempre foi treinada para ser e mostrar que ela foi se descobrindo e deixando tudo isso de lado. Além de o contexto da palavra formada pelo substantivo e o prefixo em si, o título original também faz sentindo com a história do Jackson e a história que eles começam a viver como um casal. Agora Vergonha? Passa a ideia de que ela teria vergonha de se relacionar com ele ou que a família dela passa a ter vergonha dela e isso não é bem por aí. Ou seja, aqui fica a minha revolta gramatical.

Indico esse livro para quem, assim como eu, ama livros clichês que zoam o clichê (os personagens várias vezes comentavam brincando sobre como eles eram um casal clichê com a mocinha e o carinha problemático, rs) esse livro é totalmente para você. Ignore a capa duvidosa e o título sem sentido e se jogue nesse livro que só prova que quando a Brittainy resolve escrever uma história marcante, ela consegue.


vergonha
AUTOR(A): brittainy c. cherry
EDITORA: RECORD
PÁGINAS: 420
SKOOB DO LIVRO.
MEU SKOOB.

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