segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Na Estante: George


Sou professora e tenho turmas com alunos a partir de seis anos. Se tem algo que eu sei bem é que tudo ainda é muito bem divido. No dia que usei minha caneta rosa no quadro, para escrever algumas respostas, os meninos reclamaram. No dia em que o exercício pedia para os alunos (de forma geral) se colocarem no lugar de uma personagem (menina) muitos ficaram de cara feia e falaram o que tinham que falar bem rápido, um, inclusive, se recusou a falar. Afinal, o que é de menino é azul e é só de menino. O que é de menina é rosa e é só de menina. Espera aí. Estamos em 2016. Que palhaçada é essa? Cores dividindo pessoas? Uma fala de um livro não podendo ser lida porque era uma personagem menina? Sim, tudo isso ainda existe nas salas de aula e exatamente por isso (e por muitos outros motivos, passando por família, escola e afins) falar de gênero ainda é algo tão complicado. Eu mesma sei muito pouco sobre. Tive um professor de pilates maravilhoso (e com uma alma fantástica) que me ensinou muito, mesmo que sem querer. Atualmente ele luta pelo que acredita e cada dia me sinto mais orgulhosa de conhecê-lo. A outra parte do pouco que sei aprendi com a maravilhosa Mandy Candy, que é uma youtuber trans que fala muito sobre tudo que ela sentia e ainda sente. Me fez ver muitas coisas com outros olhos e rever muitos dos meus pensamentos. E aí agora tenho a George. Que me fez pensar ainda mais sobre tudo um pouco. Principalmente, sobre como é sim importante a conversa sobre gênero existir. E mais que isso, a conversa sobre respeito, que muitas vezes falta em casa. Um livro leve, delicado e direto. Um livro que ensina, que toca e encanta. Um livro que recebeu cinco lindas estrelas no skoob e que indico para todos, todos mesmo.

George é uma menina que nasceu em um corpo de menino. Ela sempre soube que algo não estava certo ali. Ela se olhava no espelho e via Melissa. Uma menina doida para viver, mas que estava presa atrás do menino que tinha que aparecer para todo mundo. Uma menina que pegava revistas de moda e dicas femininas escondida de tudo e de todos só para se sentir mais ela mesma. Uma menina que passava mal toda vez que precisava escolher o banheiro que ia usar, o masculino, é claro. Uma menina que, mesmo nisso tudo, via uma luz no fim do túnel. Uma luz fantástica e literária. Uma personagem de um livro que a turma iria encenar. George queria ser a aranha, mesma sabendo que para todos ele era um menino, e a personagem, menina.

"Ela deseja poder ser outra pessoa." - Página 13

Ninguém aceita essa ideia, a não ser Kelly, a melhor amiga de George. Uma menina doce que vê a amiga como ela é de verdade sem se perguntar detalhes e criar problemas. E é aí que as duas começam a bolar um plano para que George pudesse aparecer na peça com a aranha Charlotte. Seria o único jeito de mostrar para todos, de verdade, que ela podia ser a menina, porque simplesmente era uma menina. Não era uma missão fácil, mas era o sonho de uma vida. Valeria a pena.

"Eu já falei para você. Sou menina." - Página 115

George, ou melhor, Melissa, é uma criança encantadora. As dúvidas que ela precisa passar, por outro lado, são cruéis e nos fazem repensar muitas coisas. Não é algo que alguém escolhe, como alguns dizem. É como cada um nasce e se sente. A gente não muda o que é, a gente apenas vive. Amei ainda mais Kelly que viu tudo com a naturalidade (certa) de uma criança que, acima de tudo, amava muito a melhor amiga e estava muito feliz por ter uma amiga (que ela achava antes que era amigo). Um livro feito para tocar bem lá no fundo e colocar aquela pulga atrás da orelha de muita gente. É sim um assunto é ser conversado. É sim algo verdadeiro e que muitas pessoas sentem. O que me lembra que eu percebi que ia amar o livro logo na dedicatória dele ("Para você, pelos momentos em que você se sentiu diferente"). Indico, como disse antes, para todos. É uma leitura que devia ser obrigatória, pela leveza da escrita e a seriedade do assunto. Ah, e desculpa, de forma geral, se falei alguma coisa de forma errada na resenha, como disse, ainda tenho muito o que aprender.

George
Autor: Alex Gino
Editora:Galera Junior
Páginas: 144
Skoob do Livro.
Meu Skoob.

domingo, 25 de setembro de 2016

Na Estante: Boomerang


Gostei da capa, do nome e do que parecia ser a história, por isso, não tive dúvidas ao solicitar o livro. Ainda bem que o fiz. Um New Adult clichê, mas não de raiz (aquelas tretas com o passado dos personagens, rs) que me conquistou logo no primeiro capítulo. O livro ficou com quatro estrelas e vou explicar tudo o que achei, como sempre, nos detalhes. Uma história leve, divertida e que prende o leitor até o final, porque tudo precisa de uma resposta e precisamos saber como vai terminar. Personagens ligados na tomada e isso tudo de um jeito bem gostoso de ler. Me imaginei, na verdade, vendo uma série de TV, conseguia imaginar certinho cada cena e foi bem divertido. No final das contas, esperava um pouco mais do final, mas o caminho valeu muito a pena (e vale lembrar que é uma trilogia, ou seja, ainda tem muita coisa para acontecer). Se quer entender melhor o que achei desse livro, é só continuar lendo.

Mia havia acordado na casa de um completo estranho logo na manhã do seu primeiro dia no novo estágio. Ela não sabia onde estavam sua roupas e, para falar a verdade, nem a sua dignidade, Ela não lembrava o que tinha acontecido e nem como tinha parado lá. Ethan também não tinha muita certeza de quem era a menina que havia achado em sua cama, mas, assim como ela, ele também estava atrasado para o novo emprego e o tempo estava curto demais para perguntas bobas do tipo, como viemos parar aqui. Ois dois se arrumam correndo e decidem que vão dividir o taxi, afinal, estavam indo para o mesmo lado da cidade. O que nenhum dos dois estava esperando, ou melhor, nem imaginando, era que estavam indo para o mesmo lugar. Na verdade, para o mesmo estágio.

"É muito cedo para poesia, e essa conversa já está 
me fazendo sentir boba e chorosa." - Página 68

O site de relacionamentos Boomerang estava atrás de um novo estagiário para a área de marketing e lá estavam os mais novos candidatos. Como se já não bastasse toda a confusão que haviam vivido pela manhã, já que a de noite os dois não lembravam, ainda teria que trabalhar na mesma mesa e, para completar, competindo para a efetivação no final do estágio, Apenas uma vaga estava disponível e os dois precisariam dar o seu melhor para consegui-la. A cereja do bolo ainda estava por vir, relacionamentos entre os funcionários era algo totalmente proibido. Mas será que conseguiriam? Afinal, ficariam semanas na mesma sala e, ainda por cima, na mesma mesa. Entre encontros arranjados para testar a popularidade do site, ex-namoradas malucas e problemas de família, os problemas da empresa e da busca pelo emprego parece um verdadeiro nada.

"Eu descobri que goste de tudo nela. 
Cada. Pequena. Coisinha. De. Merda." - Página 95

O começo do livro é viciante. Não conseguia parar de ler e de me surpreender, sério. A cada linha que passava a autora conseguia jogar uma nova bomba surpresa que me deixava sem reação. O problema, foi que toda essa loucura no começo me deixou esperando muita coisa no final, mas a animação foi diminuindo e o ritmo da história também. Ethan é o oposto de todos os clichês nos New Adults que conhecemos. Ele é doce e se preocupa com todos que estão a sua volta. Ele não tem um passado treta marcado por problemas, tirando a ex-louca, claro, e não é todo tatuado e tal. Esse é o charme dele. Ele parece totalmente real e até mesmo possível. Mia é completamente doida, como todos em sua família, e essa loucura toda é o que faz o livro ter graça.

Fiquei curiosa para saber qual é a das continuações do livro, porque por mais que eu esperasse um pouco mais do final, ele foi um final. Claro, deixou uma coisa ou outra no ar, mas foi um final bem resolvido. O livro é para distrair e animar. É bem escrito e realmente prende o leitor. Uma indicação certa para quem gosta dos vários tipos de News Adults, mas deixando claro que, por mais que o livro se encaixe em muitas das definições do gênero, não é pesado emocionalmente nem nada do tipo. É leve e, como disse antes, parece uma série divertida e romântica de TV.

Boomerang
Autora: Noelle August
Editora: Galera Record
Páginas: 
Skoob do Livro.
Meu Skoob.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Na Estante: As Coisas Mais Legais do Mundo


Sempre fui fã da Karol. Adorava quando ela aparecia pela Capricho (que eu comprava todo mês quando mais nova) e amei quando ela começou a fazer uns vídeos aleatórios no canal da revista. Quando ela criou o blog (o novo, porque o Karol com K da Capricho eu já lia, rs), fiquei maluca e, desde então, é oficialmente meu blog/canal favorito. Adoro o jeito meio doidinho dela, que é bem parecido com o meu e das minhas amigas, e amo o fato de que ela é a louca da Disney, afinal, é a Disney. Sem esquecer, é claro, que ela escreve os próprios textos e isso é o mais lindo de tudo (hehe). Quando soube que ela ia lançar um livro, estava sonhando com um romance, afinal, ela já contou que tem alguns guardados, por isso fiquei com um pé atrás quando soube que seria um livro de textos. Ah, como sou bobinha. Eu simplesmente amei o formato do livro e me surpreendi muito de forma geral. Vou contar um pouco sobre o livro, que ganhou cinco lindas estrelas e um coração de favorito, mas não tem muito o que explicar, porque são textos (entre aspas) aleatórios e não uma história com personagens.

"Ser fã (...) é apoiar, incentivar e amar 
sem esperar nada em troca." - Página 34

O livro é seu mais novo melhor amigo. Aquele que sempre tem um conselho para dar e uma boa risada para acalmar o dia. Os textos são todos voltados para coisas que todo mundo vive em algum momento da vida. Se já viveu, vai refletir sobre, se não viveu, vai se preparar para. A cada texto, temos um pequeno momento de reflexão e/ou um desafio. Mas calma aí, não é nada chato e estilo auto-ajuda clichê não. Estamos falando de reflexões que são precisas nos vários sentidos da palavra. Você escreve e pensa sobre tudo de uma maneira leve e muito divertida. Acabei mandando mensagem para amigos que não conversava fazia tempo. Liguei pros meus pais, quase de madrugada, simplesmente para lembrá-los que os amo demais. Refleti sobre meu primeiro beijo ultra-mega-blaster bizarro (a mãe do garoto estava atrás da gente!). Criei e ouvi playlists gostosas que me fizeram sair dançando pela casa. Recebi recados de amigas especiais (o livro foi um presente, um dos melhores da vida, se querem saber). Percebi que não estou sozinha em muitas das loucuras que faço e, até mesmo, me amei um pouco mais. Do jeitinho que sou. Ah, e o principal? Descobri que as melhores coisas do mundo não são coisas

"Dar uma boa mordida num doce é 
se permitir ser mais feliz." - Página 70

Acompanhei muito da escrita do livro pelo snapchat dela e pelos vídeos do canal, então foi maravilhoso finalmente poder tê-lo em mãos. Um livro leve, que pode ser feito e lido de uma vez só ou pode ser aos pouquinhos para aproveitar cada linha que está escrita lá. Um livro guiado pela tecnologia e cheio de QR codes que te levam para vídeos exclusivos e posts que fazem sentido com os textos lidos (tô falando que é um melhor amigo em forma de papel... acreditem). É algo muito melhor que o esperado e algo que todo mundo devia ler. A Karol conversa com os leitores de uma forma única e uma escrita clara, afinal, ela é formada em jornalismo e trabalhou anos em revista. Ela sabe como falar com a gente, e foi uma grande prazer ler tudo (quase tudo, deixei alguns textos para fazer/ler quando der na telha, rs). Fica a dica, de amiga. Em breve farei um vídeo com mais detalhes sobre ele lá no canal do blog, fiquem de olho.

As Coisas Mais Legais do Mundo
Autora: Karol Pinheiro
Editora: Verus
Páginas: 144
Skoob do Livro.
Meu Skoob.

domingo, 18 de setembro de 2016

Na Estante: A Garota do Calendário - Fevereiro


O que me move nessa série é, definitivamente, a curiosidade. Quando li (e resenhei) o conto de Janeiro (para ler é só vir aqui), fiquei sem conseguir imaginar o que a autora faria com todos os outros meses e, exatamente por isso, coloquei na cabeça que precisava ler tudo para ver onde isso chegaria. Por sorte, mesmo sendo doze livros, todos são curtos e bem direto ao ponto pelo que entendi. O conto da vez, Fevereiro, seguiu com o que me incomodou do primeiro volume. A história começa em um rítmo muito bom e aos poucos vamos entrando dentro dela, mas quando tudo começa a ficar realmente bom, a autora corre com tudo e acaba o livro. Isso funciona para nos deixar ansiosos pela continuação, mas, ao mesmo tempo, deixa o final corrido e um pouco desleixado. O livro ganhou quatro estrelas e, como é uma continuação, quem ainda não leu o primeiro pode achar que um detalhe ou outro aqui é spoiler. Vale comentar, também, que além de ser continuação, é um conto e, por isso, não posso contar muita coisa, caso contrário perde toda a graça, rs.

Com o pai em coma e sem o dinheiro para pagar as dívidas que ele havia deixado, Mia ainda precisava bancar a acompanhante de luxo para conseguir se livrar da bagunça toda que estava vivendo. Seu primeiro cliente, de Janeiro, Wes, havia deixado uma marca profunda nela, mas ela precisava seguir em frente e ser forte. Exatamente por isso, ela vai parar na casa e ateliê de um artista francês muito famoso por suas obras e fotografias, Alec Dubois. Em Seattle, ela teria que ser a grande musa  do artista e acompanhá-lo durante um mês, como uma boa garota do calendário faz.

"Uma pontada de culpa me atingiu, mas eu a afastei." - Página 14

O problema é que as visões de mundo que Alec tem são bem diferentes da de Mia e a ligação entre eles não é das melhores de primeira. Com a cabeça no último cliente e um atual que viaja nas ideias, Mia se vê confusa e começa a pensar sobre vários lados do que está vivendo. Aos poucos Alec vai mostrando o que é arte de verdade para ela e, com isso, ela aprende e vive bem mais que imaginava. Arte não é só para ver. É para viver e sentir. Para que isso aconteça, ele precisava que Mia se sentisse bem com ela mesma e com suas escolhas. O que ela não imaginava era que os serviços dela não eram tão simples quanto o esperado e que quando alguém tenta ajudar pode, na verdade, estar ofendendo de forma exagerada.

"A arte deve fazer você sentir alguma coisa." - Página 62

É incrível como que a Mia segue com a cabeça erguida mesmo passando por momentos impossíveis de lidar. A cabeça dela fica numa grande briga entre a lógica e a necessidade e até isso é uma parte importante dessa série. Finalmente achoq ue descobri o caminho que a autora que seguir com os livros e acho que gostei. Mia tem um lado de empoderamento, mesmo passando por todas as loucuras que passa, e gosta de deixar registrado que quando transa é porque quer, não porque algum homem quis. Alec é um personagem que demorou (muito) para me conquistar, só quando ele saiu do estúdio e foi mais ele que eu gostei do que li. Quando ele estava todo profissional falando difícil em francês achei sem graça e forçado, mas logo vemos um lado leve que estava muito bem escondido.

O livro segue no mesmo esquema do primeiro, é erótico por natureza, mas de forma leve e sem exageros e palavras nojentas. Inclusive, já li New Adults mais pesados. Acho que isso que tem me prendido, todo o por trás da história e como ela vai terminar. O que posso falar? Que venha o próximo mês!

A Garota do Calendário - Fevereiro
Autora: Audrey Carlan
Editora: Verus
Páginas: 135
Skoob do Livro.
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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Uma Garota Como Eu e Você


Em primeiro lugar, o bullying existe, ponto. Eu podia parar esse texto aqui mesmo, metade do que eu quero passar com ele já foi dito e, com essa metade, já me sinto bem mais leve. É incrível, não de uma forma boa, como ainda é falado que o bulliyng é apenas uma brincadeira de criança e que não faz mal para ninguém. Pior, que é algo que prepara as crianças para o mundo adulto. É algo banalizado nas redes sociais e quase sempre colocado como drama, afinal, "na minha época isso já existia e todo mundo sobreviveu, nem nome isso tinha e todos estão bem". Bom, na minha época não tinha nome também e eu não fiquei bem por um bom tempo, na verdade, às vezes eu ainda não me sinto bem. O nome, que na verdade é uma palavra roubada da língua inglesa, chegou bem depois e o que era errado continuou errado. Em segundo, existem sim pessoas más. Existem crianças, adolescentes e adultos que são pessoas terríveis, em níveis variados, mas existem sim. Diminuir o que está acontecendo nunca é a resposta. Não é uma resposta para o bullying, para o abuso ou para qualquer outra coisa. É uma resposta fraca de quem não sabe lidar com o que está claro e todos estão vendo. E é exatamente por isso que eu resolvi que precisava escrever esse texto. Então senta, porque lá vem textão.

Eu estava sem nada para fazer e, como qualquer outra pessoa, liguei a Netflix. Sou chata para escolher filmes e acabo começando uns três antes de finalmente ficar quieta vendo um. Acabou que, dessa vez, segui a indicação do próprio site e comecei a ver um filme que estava entre as principais escolhas para mim. A sinopse não mostrava exatamente como seria a história e, na verdade, estava mais para um filme de terror pelo o que estava escrito lá, mas algo deixava claro que era drama, ou melhor, eu sentia isso. Nos primeiros segundos de filme fiquei com um pé atrás, afinal, era um mockumentary (um filme que se passa por documentário, tipo Bruxas de Blair), mas quando percebi onde eles queriam chegar, me dei conta de que precisava ver. O filme em questão é o A Girl Like Her (2015). Nele conhecemos a história de uma menina, Jessica, que tenta se matar. É assim que a história começa e só aos poucos vamos entendendo o que a fez fazer isso. Tudo graças ao fato de que o melhor amigo dela, Brian, havia colocado uma câmera em um broche para ela. Vamos acompanhando o clássico de como a melhor amiga da menina virou sua maior inimiga e motivo de todos os seus medos. Como uma garota do colegial precisou diminuir outra para se sentir melhor. Seria um clichê sem sentido perfeito, se não fosse o fato de que, por ser gravado para parecer um documentário, vemos vários lados e várias coisas acontecendo. Isso muda tudo. É o por trás do clichê, ou melhor, é o que muitas pessoas vivem diariamente, só que numa tela para todo mundo ver. O filme foi disponibilizado em muitas escolas públicas dos EUA e ainda coloca, como um subtítulo, que foi baseado em milhares de histórias reais.

A história tem atuações legais e uma direção ok, mas não é por isso que estou aqui. Eu simplesmente me dei conta de que ainda é preciso que filmes e séries (oi, Glee) abordem o assunto, porque ele ainda é ignorado e diminuído. E foi assim que eu percebi, também, que o simples fato de eu ficar calada já era algo que afastava o assunto de muitas pessoas. Eu sofri bullying sim. Já comentei algumas coisas aqui no blog, mas acho que nunca com essas palavras. Então vamos lá. Eu sofri na escola sim e lembro muito bem o nome de cada umas das pessoas que me fizeram sentir um verdadeiro lixo. Eu me odiava sozinha, detestava tudo que via no espelho e, quando chegava na escola ainda lidava com pessoas me mostrando que realmente eu era aquele nada. Será mesmo? Minha escola tentou de um tudo, não só com o meu caso, mas com o de muitos que eu conheci, mas, como eu disse, existem sim pessoas más e elas estão pouco se ferrando para o que estão fazendo ou deixando de fazer. Por muito tempo eu ignorei avisos, abraços e conselhos maravilhosos de pessoas que me amavam de verdade por, simplesmente, me deixar levar pelo pensamento de pessoas que, no fundo, só queriam se sentir superiores (e é isso sim, porque resolvi não medir palavras hoje). 

Tentei mudar meu corpo, tentei me mudar várias vezes e precisei cair muito e de muitas formas para perceber que eu não estava errada por não ser como as outras, afinal, ninguém é obrigada a ser como ninguém (ou melhor, como aprendi recentemente e levo para vida, ninguém é obrigado e ponto). Eu descontava em mim um erro que não era meu. Por muito tempo eu sofri escondido, afinal, quem sofre abertamente está só fazendo drama e eu não queria isso. Ah! Não podemos esquecer também que existem pessoas com problemas bem maiores (nunca, eu disse, nunca mesmo, usem essa frase com uma pessoa em qualquer situação na vida). Por muito tempo eu tive muita vergonha de tudo que já fiz por, simplesmente, não me sentir bem. Hoje em dia, graças a Deus e a todas as pessoas maravilhosas que tenho ao meu redor, sei que sou forte e que não sou um reflexo dos erros que tive lá atrás por dar ouvidos às pessoas más. Então sim, me machuquei por que era mais fácil sentir uma dor de verdade. Fiz porque parecia certo. Fiz e me lembro disso diariamente, mas também me lembro de ser forte. Como eu sou. Como você é.

Foi. Saiu. Pela primeira vez na vida eu escrevi isso (e não foi nem perto do fácil). Ninguém quer admitir que já foi fraco, mas faz parte. Somos todos humanos aqui. Não, não sou mais essa pessoa, mas porque descobri outras maneiras de me acalmar, maneiras que não me machucam, nem por dentro e nem por fora, e é por isso que tenho esse blog. O que me faz bem é ler e escrever e é por isso que estou aqui escrevendo histórias e lendo livros maravilhosos para compartilhar com vocês. Ah, também não estou fazendo drama ou pedindo atenção (como muitas pessoas vão pensar... e é por isso, mais uma vez, que é preciso que eu fale tudo isso, porque alguém precisa). Estou aqui porque eu preciso estar aqui. Acredito, de verdade, que nada acontece por acaso. Algo me fez ver esse filme. Assim como algo me fez perceber que eu tenho um blog que milhares de pessoas leem e que nunca na minha vida eu imaginava que isso seria possível. Pode ser que esse texto não mude nada na vida de ninguém, assim como pode ser que uma pessoa leia e veja que pode sim acabar tudo bem. Se uma única pessoa perceber isso, para mim está valendo. Eu recebo muitos emails, mensagens e coisas do tipo por conta do blog. Assuntos dos mais variados e me sinto muito honrada por tantas pessoas confiarem em mim. 

Sei também que não é nada simples falar com uma pessoa profissional, mas saiba que essas pessoas estão preparadas para ouvir e ajudar. Se você ainda não encontrou um lugar ou uma pessoa segura para se abrir, estou aqui, sempre estou. Mas saiba que a melhor opção ainda é conversar com uma pessoa que é profissional no assunto. Li que estamos no Setembro Amarelo e essa é a minha contribuição. Eu estou falando e me oferecendo como exemplo. Não é fácil e é besteira quem fala que é. Não é drama. Não é charme. Não é algo que vai passar, por isso deixa para lá. Não é algo besta. Não é brincadeira de criança. Não é imaginação sua. Você não está exagerando. Não é o que os sabe-tudo falam que é. Mas é algo que pode ser revertido ao lado das pessoas que se preocupam com você de verdade, Eu me preocupo com você e aposto que mais alguém também se preocupa, por mais que pareça que não. Sua vida importa. Muito. Você merece um mundo cheio de oportunidades e amor, por mais que pareça que não. Você é melhor do que o espelho mostra e as pessoas falam. Se eu puder ajudar pelo menos uma pessoa, sei que todo o trabalho de mais de uma hora para escrever esse texto valeu a pena. Vou saber que me abrir tanto valeu a pena. Estou aqui, mais uma vez, para mostrar que é possível e que tudo isso pode ser só uma memória, não precisa ser seu dia-a-dia. Acredite. Tenha fé. Para terminar, uma pessoa que tenho no facebook postou a seguinte frase enquanto eu escrevia esse texto (o que me fez ter ainda mais certeza de que eu realmente precisava fazê-lo): Eu acredito que o sentido da vida seja fazer sentido a outras vidas.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Na Estante: Oposição


Já comentei por aqui, algumas vezes, que é completamente diferente quando resenho um livro escrito por alguém que conheço. Normalmente as resenhas estão sempre focadas no por cima de tudo aquilo, ou seja, no que o autor escreveu e pronto. Agora, quando conheço quem escreveu a história, acabo procurando coisas do jeito da pessoa, coisas que gosta e, até mesmo, manias. É algo bem doido e, ao mesmo tempo, maravilhoso. Tive a honra de conhecer a Thaísa porque a mãe dela, a Melissa, é minha colega de trabalho (olha que ovo de mundo esse em que a gente vive, rs). Estava conversando com algumas pessoas do trabalho e comentei sobre o blog, foi aí que a Melissa virou e disse: Minha filha acabou de publicar um livro, vocês precisam se conhecer. Há. Foi exatamente o que fizemos e, algumas semanas depois, lá estávamos nós sentadas em um café conversando de tudo (literalmente). Foi fantástico. Tá, mas porque estou contando isso? Porque toda essa conversa que tivemos me fez ler o livro de uma forma completamente diferente. Afinal, eu já tinha visto o jeito da autora, as inspirações e até mesmo curiosidades de quando ela escreveu (e escreve). É um livro diferente de tudo que eu já tinha lido antes. Um mundo inteiramente novo para mim e, exatamente por isso, fantástico. Thaísa conseguiu me prender desde a primeira linha, afinal, eu já estava curiosa com tudo aquilo. Foram cinco lindas estrelas lá no skoob e agora vou contar um pouco da história para vocês.

Lilith vivia em um mundo controlado pelos deuses do Inferno em que chamava atenção de todos por ser diferente, ou melhor, por ir contra tudo que era normal para aquele lugar. Mesmo sendo uma criança e, por conta disso, não conhecer os detalhes mais sombrios sobre o lugar em que morava, ela começou a ter sonhos horripilantes em que conseguia ver perfeitamente os rostos e ouvir os nomes dos tais deuses, ignorando por completo a lógica de que ela nunca os tinha visto. Os sonhos iam muito além pesadelos e abalavam por completo a cabeça da criança. Quando sua irmã mais velha, Alice, descobriu isso, resolveu contar para mãe que, muito rapidamente, resolveu o problema como podia. Remédios controlaram a menina por alguns anos, mas eles não poderiam salvá-la da realidade que estava por vir.

"Qual era o limite entre o real e o ficcional naquele 
pandemônio que estava a sua cabeça?" - Página 34

Os deuses faziam convocações com os humanos e, no dia de uma dessas, Lilith estava ardendo em febre e, mesmo com medo do que isso poderia resultar, sua mãe decidiu a deixar em casa com Alice. Não demorou muito para que Lilith começasse a agir de uma forma estranha, como se fossem delírios causados pela febre, e, por conta disso, acabou conseguindo sair de casa sem um rumo muito certo. Sua irmã a seguiu, mas também não tinha a menor ideia de onde estava indo. Nessa loucura toda, as duas caem e, quando acordam, estão em lugar completamente diferente. Alice percebe que sua irmã ainda está ardendo em febre e segue atrás de ajuda, até que consegue. E é aí que ela descobre que o tombo havia sido literalmente gigantesco, uma vez que haviam caído em outra dimensão. Um lugar habitado por seres demnos e que tratava os seres humanos como escravos. Seguindo a história, Lilith ainda conhece Seth, um demno que seguia risca o ódio pelos humanos, menos quando o assunto era seu melhor amigo, é claro. Entre descobertas e momentos completamente únicos, vamos descobrindo junto com os personagens que muitas coisas ainda podem, e vão, mudar. No final, nada realmente é como parece.

"Se não fosse por essa confusão toda, eu jamais 
teria ido pra outra dimensão." - Página 521

Vamos começar pelo fato de que um dos meus nomes literários favoritos está na história e justo com um personagem que mantive uma relação de amor/ódio (haha), Seth. Ok, menos drama e mais comentários. A construção ds personagens foi feita com maestria pela autora, sem exageros. É complicado controlar um mundo (nesse caso, mais de um, hehe) cheio de personagens profundos, ou seja, com personalidades marcantes, mas nesse livro temos vários que conseguem deixar a sua marca. É fácil de logo entrar na cabeça de todos eles e, de certa forma, entender como eles pensam e o que podemos esperar de cada um. Simplesmente adorei isso. Ah, e não podemos esquecer a coisa mais maravilhosa do mundo, que é a capa desse livro (sério).

O livro é uma fantasia com um lado mais sombrio e, como disse antes, é diferente de tudo que eu já tinha lido. Também não é um romance clichê que muda as pessoas e que, durante a história, vemos personagens mudando por amor. Quem é mal, realmente tem maldade dentro de si e é isso que torna tudo tão impactante. Vemos pessoas sofrendo de verdade, mas também vemos muita representatividade de tudo quanto é coisa que podemos imaginar. E nada sendo tratado como taboo ou errado, tudo na maior tranquilidade e fazendo todo o sentido dentro da história. É um livro grande (muito grande mesmo), mas logo no começo percebi que isso seria apenas um detalhe. Quando abri pela primeira vez para ler, pisquei e estava na página cem. O começo de carrega para o enredo e logo você quer entender como tudo aquilo pode estar acontecendo. E o final, bom, é melhor você mesmos lerem, por mais que eu já esperasse um pouco o resultado (que fica ainda sem resposta, tratando-se de um livro com continuação) eu ainda fiquei bem sem palavras, É, literalmente, ler para crer.

Oposição
Autora: Thaísa Lixa
Editora: Chiado
Páginas: 526
Skoob do Livro.
Meu Skoob.

domingo, 4 de setembro de 2016

Na Estante: Garota Online em Turnê


E não é que li esse livro em menos de duas horas? Eu estava bem curiosa para saber o rumo que a história criada pela Zoella iria tomar e eu amei o resultado final. Sou completamente maluca e apaixonada por histórias com tretas hollywoodianas e, por mais que o foco não seja exatamente Los Angeles, é exatamente o que temos nessa continuação. O livro está com uma escrita leve, divertida e clichê na medida certa, exatamente como o primeiro. No começo, lá nas primeiras páginas, fiquei com um pé atrás por achar que já tinha imaginado exatamente como seria o final, não vou negar, eu estava certa, mas tinha alguns detalhes que me surpreenderam e deixaram o óbvio nem tão óbvio assim. O livro ganhou cinco estrelas e é diversão garantida para pessoas que, assim como eu, ama um bom clichê adolescente cheio de fofocas, amigos inseparáveis, drama e, claro, muito amor e amizade também. Vale lembrar que estamos falando de uma continuação aqui (o primeiro livro é Garota Online) e, por isso, você pode considerar uma coisa ou outra que eu escrever como spoiler. Vamos voltar para o mundo da garota do blog?

Depois de passar por um mar de fofocas, muito drama e quase perder o amor de sua vida, Penny acreditava que, finalmente, tudo estava bem. Não tinha sido fácil lidar com fãs malucas, uma imprensa manipuladora e, ainda por cima, uma crise de pânico, mas com ajuda dos amigos tudo estava indo para um caminho bom. Noah, o rock star dos sonhos, estava fazendo o seu melhor para se fazer presente na vida de sua mais nova namorada, mas com ele viajando o tempo toda e ela fazendo provas no colégio não era a coisa mais simples do mundo. Foi exatamente por isso, que ele resolveu que a levaria em sua turnê pela Europa. Seria a chance dos dois aproveitarem muito um tempo juntos e, ainda de quebra, aproveitar uma viagem romântica. Não tinha sido fácil convencer os pais de Penny, mas depois que tudo foi resolvido tudo parecia certo. Até que não estava mais.

"Só não sei se ele pensou nas consequências de ter uma 
namorada quando a carreira dele está decolando." - Página 80

Ela havia perdido o celular em um show, durante um ataque de pânico, e, logo em seguida, começou a receber ameaças de alguém querendo destruir o namoro. Não parecia nada sério, ou pelo menos era isso que todos falavam para ela, mas não tinha como não pensar naquilo. Além disso, a vida de uma turnê não era exatamente a viagem romântica que ela imaginava. O tempo que Noah tinha para ela era bem curto e a cada segundo que passava ela sentia saudades dos amigos que estavam para trás e do blog, que não estava mais sendo publicado. Para complicar, o que já estava complicado, uma mentira pode balançar essa turnê e toda a vida dela. 

"O Dean me avisou que a estrada muda as pessoas. Eu só não 
tinha percebido que ele estava falando de você." - Página 200

Não vou negar, não sou muito fã do Noah. De começo, achava ele um charme de personagem, mas como ser humano (sim, sei que ele é um personagem e não existe, mas como personagem ele tem personalidade e é disso que estou falando, ainda não estou doida, ainda) ele tem falhas, como qualquer um, mas não se preocupa muito em tentar resolvê-las. Todo mundo erra, mas o segredo para viver bem é tentar não errar mais, mas parece que ele cai na besteira de cometer erros repetidos e isso me deixava brava. Enfim, é o estilo do personagem e faz parte dele. Penny me fez torcer muito nesse livro, não pelo romance ou pela viagem, mas pela coragem dela. Viver com um problema como o dela. crises de pânico, não é nada fácil. Faz muito tempo que tenho crises de ansiedade e sei bem como é complicado viver em um mundo em que as pessoas acreditam que o que sentimos é puramente charme. Adoro o fato de ela passar por tudo isso, não por vê-la sofrendo, é claro, mas porque mostra para milhares de jovens por aí, que vão ler o livro, que é um problema sério e real. Somo apresentados para vários personagens novos, inclusive os parceiros de banda de Noah, mas o prêmio de melhor personagem segue com Elliot, o melhor amigo da personagem principal. É impressionante, sempre me apego mais aos personagens secundários (haha).

O livro é jovem, animado e muito real quando o assunto é tecnologia. Vemos citações sobre snapchat (me segue lá, bellslopesbde), twitter, whatsapp e todas essas coisas que tornam tudo real, afinal, vivemos realmente essas redes sociais. É um livro para quem gosta de filmes originais do Disney Channel, por que o estilo é bem parecido. Algo leve, divertido, que te prende do começo ao fim e que, mesmo totalmente clichê, ainda te faz querer acompanhar cada linha.

Garota Online em Turnê
Autora: Zoe Sugg
Editora: Verus
Páginas: 291
Skoob do Livro.
Meu Skoob.

Na Estante: O Ar que Ele Respira


Eu estava muito animada para ler esse livro. Sério, desde que ele foi lançado lá nos EUA que eu estava contando os dias para poder finalmente ler uma história inédita de uma autora que me conquistou tanto com um único livro (Sr. Daniels). Como tenho a autora no facebook (ui, phynna), acompanhei todos os passos até o lançamento e, claro, o momento em que o livro foi logo para os mais vendidos. Além disso, assim que eu postei no insta que ia começar esse livro, um mar de gente (bem mais que o normal) comentou que finalmente eu ia ler, que eu precisava ler, que queria muito saber o que eu iria achar e mais um bando de coisa. Acho que é exatamente por isso tudo que eu estava esperando um pouco (pouca coisa mesmo) mais. O livro ganhou cinco estrelas e eu o li em bem menos de um dia, mas, ao mesmo tempo, eu meio que esperava um pouco mais dos personagens principais, visto os comentários todos em cima deles. Calma! Eu vou explicar, como sempre, nos detalhes. E, como disse, ainda assim amei o livro e ele ganhou nota máxima. É só que eu demorei umas cento e poucas páginas para me apegar aos personagens e, logo de cara, eu já tinha descoberto todas as tretas do livro (juro). Ok, vamos lá.

Elizabeth tinha chegado ao fundo do poço. Ela perdeu o amor de sua vida em um acidente trágico de carro e, desde então, não conseguia colocar nada da sua vida em ordem. A única coisa que a segurava e a lembrava que era importante respirar era sua filha, Emma. Ela também sentia muita falta do pai, mas via na mãe algo bom e a certeza de que tudo estava bem. As duas estavam morando, temporariamente, na casa da mãe de Elizabeth, mas sabiam que não poderia ficar muito mais tempo simplesmente existindo ao invés de viver. Foi exatamente por isso que Liz resolveu voltar para casa, a sua casa. Sem parar para pensar, ela pega tudo que tinha juntando nas últimas semanas e volta para o lugar que tinha começado uma família. Não seria nada fácil, nem perto disso, mas seria um começo. Quando volta, reencontra velhos amigos e, aos poucos, vai juntando força para seguir em frente. O que ela não esperava era que, logo ao lado, tinha uma alma que tinha sofrido tanto quanto a dela e que, outra coisa que ela sequer sonhava, essa alma podia ser a resposta que ela esperava para todos os seus problemas. 

"Não destrua o coração dela, já está em pedaços." - Página 162

Tristan tem um passado tão sombrio quanto o de Liz. Ele perdeu mais que um amor perdeu parte de sua vida. Não era fácil lidar com os fantasmas do passado que, sempre que podiam, voltavam para assombra-lo e, por isso, ele preferia lidar com tudo e todos de forma grossa. Era melhor que todos ficassem longe dele, assim ninguém mais se machucava. E é aí que sua vizinha aparece, com bagagens emocionais tão fortes quanto as deles, e com uma menininha serelepe que o faz sorrir pela primeira vez em muitas semanas. Os dois sentem que precisam ao menos se conhecer, mas a dor e as lembranças da última vez que amaram os seguram. É aí que entra o destino e, aos poucos, vai entrelaçando a vida dos dois. Não é nada simples lidar com um coração partido, imagine dois, mas é relativamente menos complicado quando se tem alguém que entende sua dor para ajudar a colar os pedacinhos. Um poderia lembrar o outro de respirar para sobreviver e, quem sabe até, lembrar o outro que viver vale sim a pena.

"Quero beijar você. A Lizzie triste, devastada.
 A verdadeira Lizzie." - Página 166

Vamos por partes, ok? Ok. Eu simplesmente amei Faye, a melhor amiga pirada de Liz. O que me faz pensar que a autora é muito boa mesmo criando personagens secundários que marcam muito os leitores (vide o meu xuxu Ryan, de Sr. Daniels). Eu passei grande parte da leitura torcendo para ela aparecer mais e mais. Sempre que aparecia, era risada na certa e de um jeito maravilhoso. Ainda falando de secundários, temos Tanner, o melhor amigo do marido (que faleceu) de Liz. Um personagem clichê e que, na minha opinião, me ajudou a entender (no caso, descobrir) toda a treta bem antes da hora. Ok, agora vamos para os personagens principais. Eu não consigo nem mesmo imaginar um terço da dor que esses dois passaram. Ver tanto de sua vida indo embora de uma hora para outra e de maneira tão trágica é algo que não consigo nem ao menos pensar. A dor deles é a base desse livro e muito da personalidade dos dois, mas, ao mesmo tempo (e, mais uma vez, na minha opinião) é também o que me afastou um pouco do livro nas primeiras páginas. Como comentei no começo, levei umas cem páginas para me apegar aos personagens e eu acredito que isso seja pelo fato de que eles afastam todos por perto, inclusive o leitor, com a dor que sentem. Eu sabia que eles estavam passando por algo terrível, mas não conseguia ler de verdade os personagens por não conseguir ver através disso. No começo é só dor. Entendo que isso é algo fantástico, o fato da autora conseguir passar isso pelas palavras, mas ao mesmo tempo me fez ficar sem reação com os personagens 9de começo, depois passou, rs).

O livro é clichê assim como o outra da autora que citei, mas esse ainda consegue ir ainda além nisso. Não é algo ruim, sou uma fã maluca por histórias clássicas e cheias de coisas que já vimos mil vezes, mas o problema é quando já adivinhamos tudo (sem nenhuma surpresa mesmo) nas primeiras páginas do livro. Foi o que aconteceu. Por sorte, a escrita é tão boa e, mesmo com esses problemas, a história também é tão boa que gostei muito do conjunto da obra. É um livro sobre dor e superação e acho que é importante pensarmos e, até mesmo, lermos sobre isso. Principalmente pelo ponto de vista de quem vive tal dor. É um livro para quem acredita que existe sim uma luz no final de todo túnel e que o amor pode salvar vidas, de muitas maneiras.

O Ar que Ele Respira
Autora: Brittainy C. Cherry
Editora: Record
Páginas: 306
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