sexta-feira, 16 de abril de 2021

Aos Perdidos, Com Amor (Brigid Kemmerer)

Ganhei esse livro de presente de um dos meus melhores amigos, porque, segundo ele, o estilo de escrita e a forma como o livro era narrado era a minha cara. E ele estava certo! Certo de mais, na verdade. Eu amo livros que, de alguma forma, contam com muitas trocas de mensagens, cartas ou emails e, por aqui, temos uma mistura disso tudo que funciona demais. Eu não conhecia a autora, mas já até adicionei outros livros dela na minha wishlist e fiquei bem animada. Acho que já ficou bem claro que a história ficou com cinco estrelas e eu realmente indico a leitura. De começo, eu até achei que o livro estava meio lento, mas quando me dei conta já tinha passado da metade da leitura em mais ou menos uma hora de leitura e fiquei rindo demais com isso. Ou seja, a história vai passando na verdade de um jeito tão leve que nem percebemos ela passando (o que de começo achei que era sinal de estar lento, mas era muito pelo contrário mesmo). Ok, menos blá-blá-blá e mais resenha, eu sei. Inclusive, esse livro é indicado para maiores de quatorze anos e é uma leitura bem gostosa (como já ficou claro, rs).

Juliet sempre amou se comunicar com sua mãe, uma fotógrafa de guerra muito famosa, por cartas. Desde que aprendeu a escrever e a ler ela amava enviar cartas para qualquer lugar do mundo onde sua mãe estivesse trabalhando e, mesmo com as novas tecnologias, ela ainda assim preferia a emoção das cartas e dos selos que as acompanhavam. Quando sua mãe morreu, em um acidente de carro, ela decidiu que não deixaria de escrever e contar sobre sua vida para a mãe, para isso, ela escrevia tudo que estava sentindo, principalmente por conta do luto em cartas e deixava no cemitério. Ela sabia que sua mãe não iria aparecer ali para ler, mas era um escape muito importante para ela. O problema é que um dia alguém responde a carta. Foi uma resposta curta e simples, mas Juliet estava se sentindo violada. Aquilo era para a sua mãe que estava morta, como alguém ousava fazer algo tão invasivo assim?

Declan Murphy é a definição de rebeldia. Com alguns traumas no passado e uma grande dificuldade de lidar com o futuro, ele faz algumas escolhas bem erradas e acaba precisando pagar trabalho comunitário. Ele precisaria, por alguns meses, ajudar a cortar a grama e limpar os túmulos do cemitério da cidade. Tudo ia no maior tédio de sempre, até que um dia ele encontra uma carta e resolver ler. Ele encontra ali uma dor que ele reconhece, mas de uma forma completamente nova. Sem pensar muito, resolve responder a carta. É assim que Juliet e Declan viram a Garota do Cemitério e o Escuridão. Dois jovens com dores muito parecidas, mesmo que muito diferentes. De começo, eles continuam com as cartas deixadas no túmulo, mas ao perceberem que a logística não era das melhores, passam para emails (criados especialmente para isso, mas não descobrirem a identidade um do outro) e mensagens. Os dois se abrem e descobrem que o melhor caminho para o que sentem é falar. Compartilhar. Mas aos poucos, a vida real dos dois, que estudam na mesma escola, começa a interferir nesse mundo fantástico e online e eles precisam lidar com muitas coisas. 

Declan é o clássico badboy que na verdade precisava de um abraço. Não gosto das escolhas dele de começo, mas ao longo do livro vamos entendendo o que o levou a chegar até lá e, com isso, voltamos na minha velha teoria de que todo mundo precisa mesmo de terapia. O mesmo serve para Juliet. Ela precisava de uma braço também, mas mais que isso precisava de alguém para conversar, ainda mais depois de perder a mãe. Terapia para ontem para os dois (e para todo mundo, é sério). Os personagens secundários não ganham muito destaque, porque é muita coisa acontecendo na vida dos dois para ter espaço para terceiros, mas ainda assim os que aparecem (mesmo que pouco) são muito bem escritos. Com destaque para o melhor amigo de Declan que é um amor de pessoa e também cresce muito durante a história. Porque o livro é sobre isso, na verdade. Crescer. Lidar com lutos (de suas variadas formas). Ser você. Ser perdido, mas se achar no final.

O final me surpreendeu de um jeito fantástico. Eu achei que a autora ia levar a reviravolta do livro por um caminho fácil e irritante, sabe? Inclusive, eu tinha até dado uma pausa na leitura com medo de ir mesmo por essa resolução (fui tomar café, um banho e me arrumar)... voltei a ler depois, mas fui feita de trouxa e eu amei isso. Eu tinha sido enganada e foi maravilhoso ser enganada (sem spoilers). Que bom que ela não foi por esse caminho fácil e que deixaria o livro arruinado. Que bom mesmo. O livro é incrível e acho que já deu para entender o quanto que eu o recomendo, né?

Aos Perdidos, Com Amor
Autora: Brigid Kemmerer
Editora: Plataforma 21
Páginas: 450
Skoob do Livro.
Meu Skoob.

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