Eu estava com um pé atrás quando comecei esse livro, não vou negar. Nunca tinha lido nenhum romance de época (espera, Perdida vale para essa lista? rs) e não tinha ideia do que esperar. Fui surpreendida com uma escrita clara e muito emocionalmente forte. O livro conseguiu me prender do começo ao fim e eu só fiquei quieta quando cheguei ao final da história. Não é a toa que o livrou levou cinco estrelinhas lá no skoob. A escrita da autora é marcante e, em muitos momentos, te deixa até mesmo sem ar. A história é uma grande montanha-russa e, quando você acha que já entendeu tudo, percebe que não entendeu nada e que isso é genial. Cada página me fazia ter mais e mais vontade de ler e de torcer pela personagem principal. O livro é relativamente pesado e, por isso, não é para todas as idades. Além do que, como nunca tinha lido nada assim (além de Perdida, mas vamos falar a verdade, nesse caso temos muitos traços do século em que vivemos) fiquei muito chocada com o papel da mulher e, em muitos momentos, até mesmo revoltada. Só lendo para entender e, por isso, vou contar um pouco dessa história fantástica para vocês.
Glória nunca teve voz nas escolhas de sua vida. Seu pai, um importante e influente advogado em São Paulo, sempre fez todas as escolhas pela filha e, claro que, isso não seria diferente na hora do casamento. Ela acreditava em finais felizes e casais apaixonados, afinal, era isso que ela encontrava nos livros, mas, infelizmente, a vida dela não era nada parecida com a ficção. A escolha do pai é vaga e o novo marido de Glória, Erasmo, não a vê com uma mulher de verdade, para ele, ela é apenas um degrau na escada que ele precisa subir para ser reconhecido na sociedade e tudo só piora quando, mesmo depois de três anos de casamento, ela não consegue dar um herdeiro para o marido. Ele sempre foi distante e frio, mas as coisas sempre podem piorar. Erasmo vê a esposa apenas como um brinquedo quebrado, algo que não vale a pena e que, para piorar, não consegue levar uma família para frente.
"Devo sentir-me ofendida?" - Página118
A relação deles se baseia em uma via de mão única em que a violência passa a ser a única resposta. Glória perde as esperanças e, por alguns dias, acredita, até mesmo, que a morte seria melhor que a relação que tinha. Tudo piora quando sua melhor amiga, Marisa, entra em um casamento perfeito. Ela nunca tinha sido um bom exemplo, vivia com homens desde cedo, mas seu novo marido parecia perfeito para ela e tudo o que Glória queria era poder sentir um terço que fosse do que era ser realmente feliz. É aí que Marisa surge com a solução para todos os problemas da amiga. Traição. Claro que, de primeira, Glória não aceita a ideia de forma alguma. Seria um pecado sem volta, mas, ao mesmo tempo, nada poderia ser pior do que ela já enfrentava em casa. Aos poucos ela vai se descobrindo e percebe que, em uma relação, o esperado, de verdade, é que ambos sintam prazer. O esperado, e o certo, é que todos sejam felizes na relação. O problema é que em uma relação com três pessoas, e que uma não tem ideia do que está acontece, é difícil acabar tudo bem. Glória precisa escolher entre o certo e o errado, o que já não é simples fica ainda mais complicado, afinal, estamos falando de uma felicidade em jogo. A chance de encontrar o significado real da palavra amor.
"Talvez você devesse me perguntaro que quero,
em vez de especular com base em sonhos ou numa
interpretação errônea do meu comportamento." - Página 295
Intenso. É uma ótima palavra para definir esse livro. Já comentei ali em cima que passei por uma montanha-russa de emoções enquanto lia e é isso mesmo. A história te prende e a cada parte que passa você quer saber mais e mais. Afinal, o livro é dividido em três partes: A Dor, O Prazer e O Amor. Os personagens são profundos e a história é perfeita em detalhes da época. É claro que em muitos momentos eu tive vontade de socar algumas pessoas, afinal, a realidade do livro é muito diferente da que vivemos (mesmo sabendo que alguns homens ainda pensam assim, fala sério). Glória cresce muito na história e você acompanha e torce a cada momento. Ela sofre muito, mas prova que, para ser feliz, basta querer. Não importa as desculpas que encontramos pela caminho, é algo simples quando sabemos o que queremos e como queremos. Minha personagem favorita do livro foi a Dona Isidora, a dama de companhia da personagem principal. Ela é o lado leve da história e, ao mesmo tempo, consegue passar coisas muito importantes para história e para quem está lendo. Erasmo, argh, só de escrever o nome desse personagem já fico com raiva de novo. E isso é maravilhoso! Afinal, a autora conseguiu transmitir muito bem tudo o que queria para esse personagem (irritante, nojento, besta...).
Marcelo, Fernando, Marisa... São tantos personagens para citar que poderia ficar horas aqui escrevendo. Todos são bem profundos e carregam muita história. O livro é narrado em primeira pessoa, mas, mesmo assim, conseguimos ir muito além na história de todos os personagens e sem perder a lógica, um ponto para a autora! Não posso contar muito mais, porque tudo pode virar spoiler e, sério, cada reviravolta desse livro vale a pena ser lida como surpresa. Agora estou bem animada e curiosa para ler mais romances de época. Não virou meu estilo favorito da vida, porque eu amo coisas tecnológicas (acho que é por isso que gosto tanto de Perdida, porque mistura o melhor dos dois mundos, tipo Hannah Montana, rs), mas definitivamente vou procurar mais livros assim. E aí, tem alguma indicação? Se você gosta de romances de época precisa ler esse livro para ontem, é sério. O livro é intenso, mas ao mesmo tempo muito delicado. A história te prende e você se liga aos personagens, é uma coisa única e poucos autores conseguem fazer isso tão bem. Já quero ler mais livros dessa autora, como faz? rs
Onde o Amor se Esconde
Autora: Veridiana Maenaka
Editora:Verus
Páginas: 350
Skoob do Livro.
Meu Skoob.
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