quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Texto: Bailarina


                As estações de metro da cidade de Londres podem ser bem irritantes quando querem. Eu estava atrasada para minha aula de dança no centro da cidade e tudo naquela estação parecia estar em câmera lenta. Olhei no relógio várias vezes enquanto esperava, mas os ponteiros estavam completamente parados. Resolvi esperar mais para frente na esperança de que durante a curta caminhada o tempo passasse mais rapidamente. Quando estava chegando ao fim do ponto de espera comecei a ouvir uma música, ela estava bem fraca, mas de alguma maneira ela parecia me chamar.

                Virei-me em direção ao lugar de onde vinha o som e a música estava cada vez mais fraca e distante. Por alguns segundos eu esqueci por completo que estava ali esperando por alguma coisa e segui a música. A cada segundo meus passos iam ficando mais rápidos e a música mais alta. Estava indo na direção certa e isso era uma boa coisa. Subi algumas escadas e em seguida desci mais algumas, quando dei por mim estava do outro lado da estação, exatamente do lado oposto do que eu deveria estar.

                Eu estava maluca. A música estava bem alta e perto, olhei em volta e dei de cara com um pequeno grupo de pessoas no lugar de onde vinha o som. Fui me aproximando com cuidado, eu já tinha achegado ali e mesmo me atrasando não voltaria atrás agora. Fui passando por entre as pessoas e quando achei a origem do som fiquei parada. Um garoto, que eu podia jurar que conhecia de algum lugar, estava ali com seu violino tocando uma das minhas músicas favoritas, mas a música não estava agitada com a versão de estúdio, estava calma de uma forma quase clássica.

                O garoto olhou para mim com o canto do olho e continuou a música de uma forma quase angelical. Bailarina como sou tentei me segurar por alguns segundos, mas foi mais forte que eu e logo eu estava dançando na estação no metro ao som de uma das minhas músicas favoritas que estava sendo tocada por um garoto que, em tese, eu nem conhecia. As pessoas aos poucos foram abrindo mais espaço e logo eu estava dançando em um espaço bem maior. O que tinha dado em mim?

                A música foi acabando e logo meus pés pararam de dançar. Todos que estavam ali bateram palmas e pude sentir meu rosto ficando vermelho. Agradeci sem graça e virei o rosto, dei de cara com um dos relógios gigantes da estação e levei um susto quando vi que estava muito atrasada. Olhei para trás na esperança de ver mais uma vez o rosto do violinista, mas ele estava ocupado olhando para o lado agradecendo os aplausos. Peguei minha bolsa e corri em direção à escada, eu ia acabar perdendo o metro e a aula de dança.

                Subi o primeiro degrau e percebi que alguém também estava correndo atrás de mim, não olhei para trás, estava atrasada demais para isso. Subi ainda mais rápido e quando cheguei ao topo da escada alguma coisa me fez parar, ou melhor, alguém.

                - Hey! – Fiquei parada quando ouvi alguém gritando.

                Respirei fundo, como não ouvi mais nada continuei andando.

                - Bailarina! – Ok, agora acho que foi comigo. Pensei.

                Olhei para trás e dei de cara com o violinista, a respiração dele estava acelerada, o que indica que ele correu bem para me alcançar. Ele sorriu e me estendeu minha sapatilha, aparentemente eu havia a deixado cair quando saí correndo.

                - Você deixou cair... E foi embora antes de eu me apresentar.

                Ele disse com um sorriso torto.

                Sorri em resposta.

A ideia desse texto veio daqui: http://www.youtube.com/watch?v=224E-VtB4k4 (:

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