sábado, 13 de fevereiro de 2016

O Maior Amor de Todos


É incrível como consigo me expressar melhor pelas palavras escritas. Amo falar, na verdade, normalmente falo mais que minha boca, mas quando paro para escrever parece que tudo sai ainda mais fácil e fazendo muito mais sentido. Esse é o meu último final de semana de férias e muitas coisas aconteceram na minha vida nesse tempo que tive longe da minha rotina. Foram quase dois meses com muitas coisas boas acontecendo na minha vida, tanta coisa que parece que passou bem mais tempo que isso. Viajei para lugares bem legais que não conhecia, li muitos livros maravilhosos, escrevi sem me preocupar com tempo, ri até doer a barriga ao lado dos meus amigos e conheci pessoas incríveis no meio disso tudo (incluindo vários leitores do blog!). Ah, tive muito tempo para pensar na vida também (tempo até demais, rs). E é exatamente sobre isso que quero falar hoje com vocês. Não, eu não vou detalhar todas as coisas que pensei nas férias, afinal, imagina o tédio que isso seria, né? Vocês são meus melhores amigos, então achei digno compartilhar com vocês o pensamento que mais ocupou minha cabeça enquanto eu brincava de inútil.

Nunca fui magra, mas já fui menos gorda. Pois é, eu não tenho problemas para falar isso, sou gorda. Sem o inha no final ou outros detalhes para, entre muitas aspas, melhorar essa situação. Desde pequena meu corpo era o diferente da turma. Cresci com todos aqueles clichês - do que hoje é chamado - de bullying, sabe? As músicas com rimas pobres e os apelidos que me fazem pensar, hoje em dia, que existem sim crianças más. Tudo isso fazia parte do meu dia-a-dia e eu achava normal, afinal, eu era a gordinha (aí sim com o inha, porque eu era criança) da sala. Quando cresci, fiz uma dieta ultra-mega-blaster rígida e acabei perdendo bastante peso, mas mesmo assim o número na minha roupa ainda era apontado como grande. Nessa mesma época, também descobri que ganho/perco peso com muita facilidade, mas mesmo assim nunca tive o corpo "perfeito" (se é que existe um). O que é bem engraçado, afinal, eu era bailarina (ballet clássico, jazz e cancan), jogadora de futsal e não parava quieta um minuto sequer, ou seja, se fosse para eu ser um palito, eu teria sido naquela época (e não fui). Ah, mas posso apostar que você comia o mundo. Como disse, foi a época da dieta master que fiz na vida, ou seja, não comia o mundo. Enfim, esse não é o foco aqui. Na verdade, evito ao máximo pensar em todas essas coisas que, em algum momento da minha vida, já me fizeram mal. Afinal, nosso passado não é uma tatuagem, é apenas uma marca, tipo um roxo na pele que sai com o tempo. A gente só precisa aprender com ele, tipo quando batemos o dedinho numa cômoda e, depois que ele ficou roxo, a gente aprende a ter mais cuidado com a porcaria da cômoda. Não precisamos ficar três semanas chorando por termos batido lá, não é? A gente aprende a lição, tira o melhor dela e segue em frente uma pessoa melhor.

Esse texto também não é uma reflexão sobre como é ser gorda no século 21, afinal, já existem muitos textos (bons) assim por aí. Claro, eu também teria muita coisa para contar, desde idas traumatizantes à lojas que acreditam que todos precisam ser iguais ou até momentos em que tive que ouvir pessoas que ainda acham que gordura/magreza é sinal (ou não) de saúde. Vale lembrar, mesmo não sendo o foco, que a única pessoa que pode saber se você está saudável ou não é você mesma e, ainda por cima, com a ajuda de médicos especializados nisso. Enfim, contei e comentei isso tudo aí de cima porque isso faz parte da minha história e de quem eu sou. Ah, e exatamente isso tudo aí foi o que fez eu me odiar por muito tempo. Eu sei, ódio é uma palavra e um sentimento muito forte, mas era isso mesmo que eu sentia. Algum tempo atrás, eu me olhava no espelho e detestava tudo que via nele. Foi um período bem triste, eu achava que estava errada em tudo, principalmente em ser como eu era. Aí, para melhorar, tudo em minha volta me mostrava que realmente eu não era o padrão. Hoje em dia vejo o quão tolo é isso, mas na minha cabeça de dezesseis anos tudo parecia o fim do mundo. Muitas coisas aconteceram, mas tudo só melhorou de verdade quando eu aprendi a me amar. Não precisei mudar quem eu era, eu apenas comecei a gostar do que via no espelho.

Sabe quando você ama uma música, mas nunca para de verdade para pensar sobre a letra dela? Sempre adorei a música Greatest Love of All, da Whitney Houston, mas só nessa semana parei para realmente pensar sobre a letra. O maior amor de todos acontece quando aprendemos a nos amar de verdade. E a música ainda fala, além disso, que a gente aprende com os erros, que não precisamos viver pelos outros e que temos que comemorar as vitórias na vida. No final das contas pode parecer um texto sem nexo ou sem propósito, mas eu li uma frase (também essa semana) que me fez ter muita vontade de compartilhar isso aqui com vocês. Seja a pessoa que você precisava quando era mais novo (be the person you needed when you were younger). Como eu disse, para algumas pessoas isso aqui não vai servir de nada, mas para outras pode ser exatamente aquilo que elas precisavam ouvir/ler. É claro que, quando eu era mais nova, tive pessoas me falando tudo isso aí e é exatamente por isso que consegui ver que eu podia e devia me amar como eu era/sou. Mas sei, muito bem, que nem todas as pessoas têm a sorte que eu tive e, por isso, quero que saibam que eu estou aqui. Já recebi e ainda recebo muitos emails de leitores que queria apenas conversar (eu amo conversar com vocês e amo ainda mais o fato de que confiam em mim ♥). Lembrem-se sempre, o maior amor de todos é o que temos por nós mesmos. Não deixe ninguém te diminuir, nunca. Você pode o que quiser, basta acreditar e ir buscar as realizações do que quer. Ah, e lembre-se também que sempre vai ter alguém do seu lado para te lembrar disso tudo.

14 comentários:

  1. Ufa! Que texto! Ainda não respiro...

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  2. Bela, você é uma pessoa linda e iluminada, que se tornou uma melhor convicta de suas opiniões e segura de quem é. E isso, minha amiga, padrão estético ou ódio alheio nenhum tira de você. A cada dia você está escrevendo melhor. Tenho muito orgulho das coisas que você faz e da pessoa que você se tornou <3

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    1. Ain, Lu! Eu que tenho muito orgulho de ser sua amiga! ♥
      Obrigada por me apoiar desde sempre em todas as loucuras que invento! Você é realmente demais e tem parte no meu crescimento, sem dúvidas.

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  3. Adorei seu texto... tbm passei muito por situações desse tipo, e existem sim, crianças más, que conseguem inclusive atingir até os adultos...

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    1. Fico muito feliz que tenha gostado! Realmente, existem sim crianças e pessoas más, mas quando achamos as pessoas certas, tudo fica bem!

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  4. Parabéns flor! Isso ai! Você é td de bom! Perfeita aos olhos de Deus e o mais importante amada verdadeiramente! Amei o texto e tamu junto nessa! Bjocas

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    1. Muito obrigada, meu xuxu! ♥
      Amém! Foi graças a pessoas como você que comecei a me ver assim! ^^
      Obrigada, por mesmo sem saber, me apoiar com seus posts diários e lindos no facebook. Eles me mostram qye não estou sozinha e que, na verdade, ninguém está! <3

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  5. Lindíssimo o que você escreveu! Poucas são as pessoas que tomam realmente consciência de que o fato de estar "fora dos padrões" que a sociedade impõe muda quem ela é. Estar acima do peso, ou ter qualquer tipo de deficiência não te exclui de sorrir pro mundo e aproveitar o que há de melhor nele.
    O que ocorre, é que conheci pessoas que diziam estar bem com elas mesmas, mas elas mesmas se julgavam tão inferiores, não só na aparência, como em qualquer trabalho que faziam, que simplesmente se auto-sabotavam e levavam consigo aqueles que acreditavam nelas.
    A verdade, é que se pararmos pra analisar, todo mundo tem algo de que não gosta, ou apresenta algum problema - mesmo que passe um tempo mascarando - e isso é irracional. Temos que ter orgulho de quem somos, de como somos e, sobretudo, melhorarmos para sermos quem queremos ser: felizes.
    Parabéns, Iza!

    http://criptografandosonhos.blogspot.com.br

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    1. Fico muito feliz que tenha gostado, xuxu! <3
      Exato! Nada no mundo pode tirar isso das pessoas.
      Não é fácil lidar com tudo isso, mas com a ajuda das pessoas certas a vida fica muito mais leve e a gente aprende, fácil, que somos muito mais que o suficiente! <3
      Obrigada!!

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  6. Excelente, apropriado e em tempo, sempre!! Parabéns!! Fala, com coragem e propriedade e alcança muita gente fora dos "padrões" de todos os naipes e cores!!rsrs... De minha parte, fico-lhe grato!!

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  7. Texto maravilhoso como sempre Isa.
    Eu sempre vivi o efeito sanfona, épocas estive bem magra e outras bem gorda. Agora estou num meio termo, mas acima do peso e logicamente fora dos padrões. Já tem alguns meses que estou tentando me desencanar disso, e até tem surtido efeito, mas às vezes a bad vem e tudo vai por água abaixo. É bom saber que alguém que eu admiro já passou por isso e que superou. Espero um dia chegar nesse nível. Você é incrível, e uma fonte de inspiração para mim. Beijos, Gabi.

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    1. Ahn, Gabi! Muito obrigada!! ^^
      Os padrões são terríveis! Você está no seu padrão e isso basta! ♥
      Chega sim! <3
      Fico feliz de ter esse papel, de verdade.
      beijos

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