terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Na Estante: Poderosa #1


Eu li esse livro, pela primeira vez, quando tinha uns 12 anos de idade (lá em 2006). Era um dos primeiros livros que eu lia para valer depois que Harry Potter entrou na minha vida e eu estava muito orgulhosa disso. Como eu ainda não era a leitora maluca com três estantes que sou hoje, li o livro da biblioteca da minha escola, na verdade, lutei muito por esse livro, rs. A lista de espera por ele era gigante e eu sempre batia meu ponto na biblioteca para ver se minha vez tinha chegado (minha fichinha de livros de lá ganhou, por um bom tempo, como a mais cheia da minha turma!). Até que o dia chegou e eu lembro, de verdade, como foi ler esse livro, foi mágico. Lembro que, boa parte dele, li na sala da casa da minha avó e lembro também de como me senti adulta lendo o livro que falava sobre o começo da adolescência. Foi exatamente por todos esse detalhes aí de cima que eu resolvi que precisava ler esse livro mais uma vez, precisava sentir tudo isso de novo. Mais uma vez, foi mágico. Dessa vez não esperei fila alguma (porque sou parceira da editora e pude solicitar o livro, rs), e muito menos li na casa da minha vó (porque moro em outra cidade por conta da faculdade), mas posso contar que senti muitas coisas com a história. O livro ainda é cinco estrelas e me mostrou que muito de quem sou hoje como leitora, escritora e, até mesmo, pessoa, teve influência da história da Joana Dalva. Se ainda não conhece essa história, não perca tempo. Ela não tem idade e é sempre bom ter uma leitura leve por perto. Se quiser conhecer mais um pouco, ou relembrar, a história, é só continuar lendo aqui.

Joana Dalva recebeu esse nome porque a mãe, uma doutora em história, sempre foi muito devota da santa Joana d'Arc e o pai, um dentista cheio de ideias, queria homenagear a mãe que havia falecido e que se chamava Dalva. O nome sempre a afetou, mas ela tinha muito outros problemas para lidar no auge dos seus treze anos. Os pais estavam brigando por tudo e sempre ameaçavam se separar, o irmão mais novo tinha como meta infernizar a vida dela e sempre conseguia isso, a avó estava bem doente e não saia da cama, a escola estava virando um grande inferno, uma vez que todos estavam crescendo e os hormônios estavam tomando conta de tudo e, para melhorar, Joana está sofrendo comas próprias dúvidas da idade. O mundo estava sempre uma bagunça sem lógica para ela, afinal, como sempre sonhou em ser escritora, Joana, imaginava as coisas de um modo bem melhor, ou, pelo menos, com um enredo bem melhor. O que ela não imaginava e, muito menos, sonhava, era que ela tinha (literalmente) o mundo em sua mão.

"Tirar ficção da cartola é uma delícia..." - Página 29

Enquanto escrevia um trabalho de história para o colégio, ela resolveu que podia mudar a história de uma das personagens mais conhecidas da realidade, sua quase xará, Joana d'Arc. O que ela não imaginava era que suas palavras seriam capazes de realmente mudar a realidade. O trabalho era apenas o começo, ela podia escrever coisas fantásticas e doidas (como um jantar de graça em um restaurante chique) em papéis que tudo virava a realidade. O problema é que, em grandes poderes existem, também, grandes responsabilidades e, nem sempre, o que achamos que é certo e bom realmente é o ideal. Joana aprende isso vivendo suas trapalhadas e tentando arrumar o mundo a sua volta com as palavras. Aos poucos ela vai entendendo melhor tudo que está acontecendo, mas é claro que muita coisa dá errado pelo caminho.

"O mundo está nas suas mãos, menina. Você tem o poder 
de mudar a vida de qualquer pessoa." - Página 61

Eu realmente não lembrava de grande parte dos personagens desse livro, claro que, enquanto ia lendo, fui me lembrando aos poucos, mas o que me marcou mesmo foi a avó de Joana e, claro, ela mesma, a personagem principal. O livro em si também é bem diferente do que eu me lembrava, mas de uma maneira muito boa. A narrativa se faz de uma maneira bem leve e cheia de crônicas no meio da história, nem sei se isso existe, mas foi o que pensei enquanto relia. Dentro da história principal vamos conhecendo várias outras histórias e é bem com a personagem principal fala que gosta de fazer logo na primeira página do livro. Como escritora em treinamento, Joana, deixa claro que não gosta de histórias que seguem algo sério demais e o livro é exatamente a cabeça da personagem. Essa é uma das coisas que meu eu com doze anos não percebeu, os outros detalhes foram muito mais profundos (e até mesmo atuais), como, por exemplo, a mãe dela ser feminista em sala de aula mas aguentar ordens e afins do marido em casa como se fosse algum certo. Sem esquecer, é claro, da mensagem principal do livro, o poder das palavras.

É claro que quando eu era mais nova entendia que tinha algo com as palavras e o poder delas, mas nada como o meu eu de hoje em dia. O detalhe é que, naquela época, eu estava mais preocupada com o fato de que queria muito mesmo escrever as coisas e elas virarem realidade. Quase dez anos depois de ler o livro pela primeira vez, eu percebi que a história realmente me influenciou muito e que sempre acreditei no poder que as palavras têm, mesmo não sendo literalmente mágicas como as da Joana. É por isso que indico esse livro para todo mundo e também indico que você leia algo que marcou sua infância, leia com novos olhos e veja como o livro ajudou a formar quem você é. É muito doido, mas também é muito legal. Por último, mas não menos importante, queria agradecer muito a Fundamento por essa oportunidade.

Poderosa 
Autor: Sérgio Klein
Editora: Fundamento
Páginas:185
Skoob do Livro.
Meu Skoob.

2 comentários:

  1. Nossa!! Que primeira leitura linda essa sua. E que maravilha você ter decidido ler a obra depois de adulta. As palavras guardam grandes poderes: tanto pro bem, quanto pro mal. E nós precisamos aprender a utiliza-las, para que feridas sejam cicatrizadas e o amor floresça por onde quer que andemos.

    http://criptografandosonhos.blogspot.com.br

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  2. Eeei Iza! Poderosa também me influenciou muito a ser quem sou hoje. Assim como você, me senti uma adolescente de 16 anos lendo, mesmo que eu tivesse só meus 11 e poucos hahahaha! Acho que a magia de reler livros depois de um long tempo sem nem tocá-los é justamente essa que você disse, poder se sentir de novo como uma menininha, relembrar o que passou na mente da gente enquanto líamos pela primeira vez e tudo o mais. Depois que li sua resenha fiquei morta de vontade de reler toda a história da Joana Dalva! *---* Um beijooo! <3

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