domingo, 1 de outubro de 2017

Meu Momento Peter Pan


Eu entendo que cada pessoa tem uma opinião e um gosto. Entendo mesmo, afinal, resenho vários livros aqui no blog e sempre vejo opiniões diferentes das que tive. Mas o que percebi é que algumas pessoas tiveram uma mesma opinião sobre um conto meu que me deixou meio (muito) boba. Não fiquei chateada pelo que falaram do conto, mas por toda uma realidade que é a minha. Vamos por partes, porque já faz um bom tempo que quero falar sobre isso (tipo, alguns meses). Esse post começou como um post lá na página do facebook, mas quando vi que ele poderia ficar um pouco grande demais, resolvi passar aqui para o blog. Me lembrei também que vocês gostam quando escrevo o que estou pensando por aqui. Não é um texto mimimi (ainda mais porque odeio essa expressão que, na minha opinião, é usada apenas para tentar diminuir o que alguém pensa), é um texto do fundo do meu coração. Então, vamos começar pelo começo. O que falaram é que as meninas do conto, que estão na idade de começar a faculdade, são infantis demais e nunca que alguém daquela idade faria o que ela fazem e pensam. Não, eu não estou criando palavras, apenas resumi em uma frase o que ouvi e li em algumas resenhas e comentários por aí. O que me lembra, isso não é uma crítica aos comentários, é a minha explicação e espanto.

Tenho vinte e três anos e quando escrevi A Noite das Garotas, conto que gerou tais comentários, eu estava com vinte e um. Eu faria, já fiz e já pensei muitas das coisas que aparecem no conto. Na verdade, não só eu como muitas amigas minhas que viraram inspiração para as meninas da história. Ok, mas onde você quer chegar, Izabela? No fato de que não existe uma regra ou um padrão de ações e pensamentos por conta da idade. Envelhecer é obrigatório, deixar de ter uma alma de criança não. E isso vai bem além dos comentários que li sobre o conto (ainda mais porque, como disse antes, cada um tem todo o direito do mundo de ter sua opinião sobre uma história). Tenho alunos pequenos que me veem como uma deles, assim como já ouvi coisas parecidas (de que eu seria infantil) de pessoas que conheço e de pessoas que acham que me conhecem. Aparentemente, para algumas pessoas, é errado continuar sonhando, acreditando e brincando pela vida. Afe! Que tédio, sou mais meu eu (e das minhas meninas queridas Bru, Vi e Mari) criança.

E aí esses comentários se juntaram a uma outra coisa que tenho pensado e viraram uma grande bola de neve. Eu sou oficialmente adulta já tem algum tempo. Saí de casa com dezessete anos para a faculdade e me formei com vinte e dois. Desde então, pago meu aluguel, meu telefone, meu celular, minha luz e blá-blá-blá. Fiquei esperando por um bom tempo quando tudo faria sentido, ou melhor, quando tudo pareceria mais fácil e isso até agora não aconteceu. E aí entendi que ser adulto não é um padrão e que a maioria de nós nem sabe direito o que está fazendo, apenas segue fazendo. Eu trabalho com o que amo, não posso e nem vou reclamar, esse não é o problema. O problema é que muitos esperam que eu cresça, que eu deixe de ser uma Peter Pan e, nossa, não vou deixar não. Assim como minhas amigas, tanto que somos amigas, também não deixaram seu lado criança para trás. Ainda cantamos e muito no karaokê, ainda jogamos jogos de tabuleiro e de cartas (que não são baralho) e ainda fazemos muitas noites das garotas, mesmo eu tendo minha própria casa.

Onde eu queria chegar? Nem eu sei. Mas eu sei que não é um problema não ser o padrão da sua idade (seja no sentido que for). O que me lembra que odeio a palavra padrão, mas isso pode ser outro texto, rs. Então, queridos leitores que se incomodaram demais com as minhas meninas que ainda fazem noite do pijama e brincadeiras por aí, eu entendo que é a opinião de vocês, mas, por favor, não esperem que todos sejamos iguais. Eu, graças a Deus, aprendi a filtrar muito do que escuto e leio por aí, mas se eu tivesse lido um comentário desses quando eu tinha a idade das meninas no conto, provavelmente teria tipo uma crise existencial. Então, esse texto, além de uma resposta para vocês, é um abraço em quem aguenta o povo mandando a gente crescer. Sei (sabemos) de todas as minhas (nossas) responsabilidades. Nunca faltei trabalho ou cheguei atrasada, nunca deixei de pagar uma conta e também nunca deixei de ser a adulta que preciso ser, mas fiz isso tudo com minha alma de criança. Afe, espero que esse texto sirva para alguém, sei que ele serviu para mim, rs. ♥

Foto retirada do meu instagram, como prova de tudo que falei e para mostrar que gosto de segurar minha cabeça, vide foto aqui do blog e essa hehe.

2 comentários:

  1. Eu te entendo hehe. Ser adulto é crescer, mas não deixar de ser criança.
    Abraços.

    https://letrasmaislivros.blogspot.com.br/

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