Eu nunca tinha lido nenhum livro do autor, mas sempre ouvi coisas muito boas sobre ele e sobre a forma que ele aborda assuntos que, normalmente, são padronizados na literatura teen atual. Como é o primeiro livro que li dele não posso falar de forma geral, mas posso ligar o que li ao que já ouvi sobre. Não me apaixonei pela narrativa do livro, achei meio confusa em muitos momentos, mas, ao mesmo tempo, achei leve e divertida, por isso o livro ganhou quatro estrelas. O livro é narrado por um personagem que não está presente nas cenas (narrador onisciente?), mas não deixa de ser um personagem que coloca para fora a sua opinião sobre tudo que está acontecendo. Foi isso que, para mim, deixou o livro meio confuso em alguns momentos. O que mais gostei foi de ver personagens gays que não eram apenas os melhores amigos exagerados de uma personagem principal. Eles eram os principais, sim, no plural. O livro conta bem mais que uma história e vemos bem mais que dois garotos se beijando. Se quiser entender o livro um pouco melhor e mais detalhes do que achei sobre, é só continuar lendo! =)
O livro conta várias histórias que acabam se ligando de uma forma ou de outra e todas as histórias tem uma coisa em comum: um (ou mais, rs) beijo. Não um beijo sem graça, mas tudo que o ato de beijar alguém carrega, algo que vai muito além de duas bocas se tocando, estamos falando de todas as emoções e motivos que estão por trás disso. Temos dois garotos que já foram namorados, mas que agora são só amigos, tentando bater o recorde mundial de beijo mais demorado (mais de 30h!), isso tudo no pátio do colégio com muitas câmeras registrando cada momento. Enquanto isso, outros dois garotos, que ainda são namorados, tentam entender, mesmo que indiretamente, a diferença dos beijos. Afinal, existem os beijos ansiosos de um primeiro encontro, os beijos tranquilos de uma noite de cinema e até mesmo o beijo triste de uma despedida.
"Este é o poder de um beijo: Ele não tem o poder de matar você.
Mas tem o poder de trazer você à vida." - Página 73
Em outro lugar, não muito longe de todos esses beijos, outros dois garotos estão se conhecendo aos poucos e o beijo passa a ser um mero detalhe. Um deles não sabe se é seguro contar tudo sobre sua vida de uma vez, enquanto que o outro tem a necessidade de colocar tudo para fora, incluindo os sentimentos que normalmente é obrigado a esconder. Ali por perto um outro garoto tenta se descobrir, ou melhor, tenta se entender. Ele sabe que o que sente é colocado como diferente e até mesmo errado e, por isso, sempre se esconde atrás da tela de seu computador, o que ele não estava esperando era que seus pais leriam tudo e descobririam a forma como ele se sente da pior maneira possível. São muitos garotos e muitos beijos, mas também são muitas histórias. Cada pessoa tem uma história. Cada pessoa é única. Cada vida é valiosa e não importa quem estamos beijando ou deixando de beijar, ou melhor, como estamos beijando. A coragem de poder fazer isso quando muitos ainda acham que é errado é o que torna tudo ainda mais especial para eles. O que esses garotos todos queriam era viver, principalmente, viver sem medo. Eles seriam lembrados e fariam coisas maravilhosas e para comemorar, quem sabe, seriam dois garotos se beijando.
"Afinal, o que é mais importante do que a história
de uma pessoa?" - Página 60
Mesmo com a narração sendo um pouco confusa (principalmente no começo) acho que esse é um livro que todos deveriam ler. O narrador que comentei é, na verdade, uma geração (na grande maioria, pelo que fica claro no livro, morreram em decorrência da Aids) que sofreu muito mais que a atual e que fica torcendo para que tudo dê certo no final. O livro vai bem (beeeeem) além de alguns garotos se beijando. Ah, uma coisa que me falaram, mas não sei se é verdade, é que muitas das histórias são baseadas em fatos reais! Como comentei no começo, vemos um lado gay bem diferente do que o que estamos acostumados nos livros por aí. Vemos o que é comum, não apenas o que é estereotipado. Não estamos falando do garoto que só usa rosa, berra quando fala e usa gírias forçadas para ajudar a melhor amiga que é a principal. Ok, eu amo esses melhores amigos gays dos livros, eles são ótimos de escrever e ainda melhores de ler, mas eles não são os únicos. Não somos todos iguais e isso é algo que nem todos sabem ainda (complicado de acreditar, né?). O livro é bem curto e bem leve, aquele tipo de história que você consegue ler facilmente em um dia. Cada um com seu cada um, mas se você ainda se espanta com títulos como o desse livro, seria legal dar uma lida na história. Tudo vai bem além do beijo. Me falaram que os outros livros do autor são nesse estilo também, um lado que é comum, mas que quase ninguém mostra. E que é sempre de uma forma delicada, por isso fiquei curiosa para conhecer ainda mais as histórias dele. Já leu alguma?
Dois Garotos se Beijando
Autor: David Levithan
Editora: Galera Record
Páginas: 224
Skoob do Livro.
Meu Skoob.
Oi Isa. Gostei bastante da resenha, só que sempre fico com um pé atrás antes de ler qualquer coisa do David. É porque, quando eu li Garoto encontra Garoto eu odiei, a narrativa é muito cansativa e detalhada.
ResponderExcluirOi, xuxu! =)
ExcluirFico muito feliz que tenha gostado da resenha. ^^
Esse foi o primeiro livro que li do autor e gostei bastante, mas também achei a narrativa beeeem cansativa =/